Quem é o dono da toalha de Lula que Pabllo Vittar usou no Lollapalooza

Saymon Souza tem 27 anos, mora em Santos (SP), mas é maranhense como a drag queen

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São Paulo

Uma toalha que custa menos de R$ 30 na internet, nas mãos de uma drag queen, foi capaz de causar um alvoroço que transformou os rumos do Lollapalooza Brasil —e chegou até o TSE, o Tribunal Superior Eleitoral. O responsável por levar o objeto, com rosto e nome do ex-presidente Lula, até Pabllo Vittar é Saymon Souza, maranhense de 27 anos que mora em Santos, no litoral paulista.

"Gosto do Lula há muito tempo, porque fez parte da infância", ele diz. "Nasci no Maranhão, e muita gente que nasceu no Norte ou Nordeste tem essa gratidão aos governos do PT, e principalmente ao Lula. Então, já tinha esse carinho por ele há muito tempo."

Jovem de cabelos azuis exibe toalha vermelha com rosto do ex-presidente Lula (PT) em meio a um gramado
O produtor audiovisual Saymon Souza posa com a toalha estampada com o rosto de Lula que ele entregou à cantora Pabllo Vittar no primeiro dia do Lollapalooza, no autódromo de Interlagos, em São Paulo - Lucas Brêda - 27.mar.2022/Folhapress

Conterrâneo da drag queen, que fez um dos shows mais celebrados do festival na sexta, Souza foi ao Lollapalooza para ver Pabllo, Doja Cat e Miley Cyrus, entre outros. Sabendo que a maranhense é apoiadora declarada do petista, ele decidiu trazer a tal toalha para levar à cantora.

O resultado da ação é que a campanha do presidente Jair Bolsonaro, do Partido Liberal, acionou o TSE alegando suposta propaganda eleitoral irregular em benefício de Lula. O tribunal acabou acatando esse pedido e determinou multa de R$ 50 mil para o festival se houvesse outras manifestações a favor ou contra qualquer candidato ou partido, em caso que gerou diversos protestos contra a censura dentro e fora do Lollapalooza.

"Comprei a toalha no fim do ano passado e já pensei em trazer ela para a Pabllo. Sei da importância dela segurando essa bandeira no momento em que estamos vivendo. Só que eu não fazia ideia da proporção que ia tomar", ele diz.

Ele chegou ao palco Adidas no show anterior, do trapper Matuê, mas teve de sair correndo dali após uma tempestade –que inclusive deixou um homem ferido. Mas conseguiu chegar à grade antes do show da drag, de quem ele é fã, e ficou encarando ela com os olhos durante toda a apresentação.

"A 'bandeira' chamou a atenção dela já no início do show, e ela fez o 'L' com a mão", diz. "Depois, no fim do show, ela desceu e pegou. Foi muito rápido. Ela desceu, pegou, voltou e devolveu. Ela me reconheceu porque a gente já estava flertando. Tenha certeza que ela me olhou e reconheceu. E o cabelo azul [dele] ajuda muito."

Souza virou uma espécie de celebridade no Lollapalooza depois de levar a toalha ao show de Pabllo. Nos cerca de dez minutos em que ele esteve com este repórter, três pessoas pediram para tirar fotos com ele e com a bandeira.

Depois que soube da decisão do TSE, ele conta que ficou surpreso. "Achei que não ia dar em nada. Já esperava isso do Bolsonaro, por causa do histórico antidemocrático dele. Mas o que surpreendeu mesmo foi a decisão do TSE de acatar o pedido dele."

"É muito louco pensar que um simples gesto, eu trazer a 'bandeira', fosse fazer isso tudo acontecer", diz. "Sabia que ia gerar alguma coisa, mas TSE? Jamais imaginei que ia chegar a isso."

Apesar da repercussão, ele diz que não sentiu medo. "Meu Instagram agora não para. Já tenho hater. Um monte de 'minion' veio comentar em favor de Bolsonaro, mas não tenho medo não."

Ele só ficou com receio de que a drag pudesse ser presa por causa dele. "Recebi mensagens dizendo, 'a Pabllo vai ser presa por causa de você'. Eu só pensei, 'meu deus, será que ela vai ser presa por causa de mim?' Mas se ela e eu formos presos, o Felipe Neto já falou que ia pagar."

Souza, que é produtor audiovisual, ficou na grade novamente no show de Marina Sena, neste domingo, e novamente levou a bandeira. Desta vez, contudo, não teve sucesso. Ele ainda disse que tentaria repetir a empreitada no show de Gloria Groove.

E critica a falta de simetria em relação a atos do atual presidente. "Não faz sentido. O Bolsonaro anda para cima e para baixo com apoiadores dele, com camisa, com bandeira, fazendo coisas antidemocráticas, pedindo para fechar o Supremo Tribunal Federal, a volta da ditadura. Ninguém pediu voto, e para ser campanha, tem que provar que o Lula veio aqui e me pagou. Mas não pagou –e nem pagou a Pabllo. Ninguém me pediu para fazer isso."

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