O Spotify afirmou nesta quarta (2) que fechou seu escritório na Rússia indefinidamente em resposta ao que chamou de "ataque sem motivo à Ucrânia" por parte do governo de Vladimir Putin.
A plataforma ainda disse ter revisado milhares de conteúdos desde o início da guerra e restringiu a apresentação de programas pertencentes e operados pela mídia estatal russa.
No início da semana, a empresa chegou inclusive a remover todos os programas das emissoras RT e Sputnik, pertencentes ao governo, de suas plataformas na União Europeia, Estados Unidos e outros mercados ao redor do mundo —eles seguem na versão russa da plataforma, no entanto.
Por email, a agência de notícias Sputnik disse que "quaisquer restrições aos membros da imprensa são censura flagrante e o exemplo mais sujo de violação da liberdade de expressão". Já a RT, uma rede de televisão, afirmou há alguns dias que as empresas de tecnologia que a removeram não citaram nenhum problema com sua cobertura.
A saída do Spotify da Rússia significa que a empresa deixa de cumprir uma lei estabelecida pelo governo de Vladimir Putin de julho do ano passado que obrigava empresas estrangeiras de mídias sociais com mais de 500 mil usuários por dia a abrir escritórios no país. Do contrário, elas estariam sujeitas a uma série de restrições, sendo no limite banidas do território. Antes do prazo de março, apenas algumas empresas, incluindo o Spotify, haviam cumprido as exigências impostas pelo Estado russo.
"Nossa primeira prioridade na semana passada foi a segurança de nossos funcionários e garantir que o Spotify continue a servir como uma importante fonte de notícias globais e regionais em um momento em que o acesso à informação é mais importante do que nunca", disse o Spotify em um comunicado.
O Spotify segue os passos de uma série de empresas de tecnologia que anunciaram boicotes ao país por causa da guerra. Facebook, Meta e Twitter foram alguns deles, assim como a Netflix, que afirmou que interromperia produções originais russas e compra de filmes e séries do país enquanto durasse o conflito.
A decisão acontece ainda dentro do contexto do esforço da empresa de limpar sua imagem após uma controvérsia com o apresentador Joe Rogan. À frente do podcast mais ouvido do serviço, ele foi acusado por cientistas de espalhar fake news sobre a Covid que motivou uma onda de boicotes à plataforma liderada pela lenda folk Neil Young.
Vários dos episódios considerados problemáticos foram deletados a pedido do próprio Rogan e, mais tarde, o Spotify anunciou uma série de medidas para combater a desinformação sobre a Covid-19 na plataforma.
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