Veja quem pode suceder Mario Frias no comando da Secretaria da Cultura

Nomes se dividem entre moderados, de fora da pasta, e radicais, de dentro

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São Paulo

A escolha do sucessor de Mario Frias para encabeçar a Secretaria Especial da Cultura se divide em dois cenários, segundo informantes ouvidos pela reportagem nesta segunda —um mais conservador, com uma nomeação que viria de fora da pasta da Cultura, e um mais radical, com um escolhido de dentro, provavelmente pelo próprio secretário.

Frias deve deixar o cargo até o dia 2 de abril para se lançar pré-candidato a deputado federal por São Paulo pelo PL, o partido do presidente Jair Bolsonaro.

Numa perspectiva mais conservadora, Larissa Peixoto, atual presidente do Iphan, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, ocuparia o cargo, o que é um desejo da ala governista moderada.

O secretário especial da Cultura, Mario Frias - Pedro Ladeira/Folhapress

A aposta aqui seria que a personalidade palatável e sorridente de Peixoto, que evita conflitos públicos e não faz comentários negativos sobre artistas ou a Lei Rouanet em suas redes sociais, acalmaria os ânimos depois dos anos turbulentos de Frias. Ela também daria sequência ao projeto de lotar aliados do governo em cargos-chave da Cultura, algo que fez no Iphan.

O cenário mais moderado inclui ainda o nome do monarquista Rafael Nogueira, ex-presidente da Fundação Biblioteca Nacional e atual secretário nacional de Economia Criativa e Diversidade Cultural, defendido pela deputada federal Bia Kicis, próxima de Eduardo Bolsonaro, uma grande influência na pasta da Cultura. De perfil mais intelectual, Nogueira entrou há poucas semanas na Cultura e também evita se envolver em polêmicas.

Por outro lado, um escolhido de perfil mais radical faz sentido às vésperas das eleições, considerando que o governo usa a Cultura com frequência para criar polêmicas e animar sua base, como no episódio recente do filme "Como se Tornar o Pior Aluno da Escola", com Danilo Gentili e Fábio Porchat, acusado por Frias de incitar a pedofilia.

Um nome possível nesse cenário é o do advogado e oficial militar Felipe Carmona, que está há um ano na pasta como secretário nacional de Direitos Autorais. Ele foi nomeado há pouco como "substituto eventual" de Frias numa portaria no Diário Oficial da União, e é muito próximo do atual secretário, com quem visita clubes de tiro e posa em carrosséis de fotos em seu Instagram.

Outros nomes de dentro da pasta cotados para o cargo são o do adjunto de Frias, Hélio Ferraz de Oliveira, menos popular fora do governo mas algo conhecido por ter ido junto com a Polícia Federal pedir as chaves da Cinemateca Brasileira, no momento em que o governo tomou posse da instituição, e a gestora cultural Flávia Faria Lima, diretora do departamento de fomento indireto.

Lima pode também vir a ocupar o cargo de André Porciuncula, o atual chefe da Lei Rouanet, que vai se desligar da Cultura para disputar as eleições como candidato a deputado federal pela Bahia.

Antes de sair do cargo, Frias parece decidido a fortalecer sua imagem —ele vem fazendo uma série de posts nos quais posa em fotos com Jair Bolsonaro, a quem chama de "maior exemplo" e "líder grande".

Isso é uma tentativa de resgatar sua reputação, desgastada publicamente com o escândalo causado por sua viagem de R$ 39 mil para Nova York para encontrar o lutador de jiu-jítsu Renzo Gracie, com o qual supostamente está desenvolvendo um projeto audiovisual do qual pouco se sabe.

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