O primeiro entedimento da justiça iraniana é de que o diretor Asghar Farhadi, vencedor de dois Oscar, plagiou um documentário de uma ex-aluna para fazer seu último filme, "Um Herói". Segundo reportagem do The Hollywood Reporter, o diretor foi indiciado por um tribunal em Teerã, que encontrou evidências de violação de direitos autorais e de cópia de elementos-chave do curta da jovem, sem o devido crédito.
O caso rola desde o final de março, quando Azadeh Masihzadeh, que foi aluna de Farhadi em um workshop em 2014, viu semelhanças entre a trama do longa e a do seu filme "All Winners, All Losers" —ou, todos vencedores, todos perdedores—, sobre um homem que encontra uma sacola de ouro e decide devolvê-la ao dono.
Agora, o processo passará para um segundo juiz, cuja decisão pode ser contestada em um tribunal de apelação ou, ainda, pode ser ordenado que seja reexaminado. Como afirmou Kaveh Rad, advogado do cineasta, em sua conta no Instagram, diz que a primeira decisão discordou sobre a partilha do faturamento do filme com a jovem, e pode ser "considerada parte do processo de julgamento", mas não uma sentença final.
Na época, Farhadi processou Masihzadeh por difamação e Masihzadeh rebateu alegando que Farhadi cometeu plágio. Por ora, os dois processos estão a favor da moça, descartando o caso de difamação.
De acordo com a lei iraniana, se a justiça considerar Farhadi inocente, Masihzadeh pode receber 74 chicotadas como punição, além de ficar dois anos presa. Ele, por outro lado, pode ficar preso por um período e, como quer a jovem, entregar os lucros do filme, o que foi negado nessa primeira decisão.
Em um comunicado, a Alexandre Mallet-Guy, da Memento Production, que coproduziu "Um Herói", acredita que o tribunal acabará decidindo por Farhadi, já que a história que inspirou o filme seria de "domínio público", e que circulara na imprensa "anos antes do documentário de Masihzadeh ser lançado".
Masihzadeh considera que, por ser uma história local, o cineasta não tenha conseguido fazer uma investigação independente. O diretor premiado afirmou ainda que tirara inspiração da peça "A Vida de Galileu", de Bertolt Brecht.
Em paralelo, Shokri, o homem real que teve sua história documentada por Masihzadeh e ficcionalizada por Farhadi também tentou abrir um processo contra o diretor, alegando que sua reputação foi prejudicada pelo longa. A ação foi arquivada pelo tribunal.
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