Descrição de chapéu grammy

Conheça Jon Batiste, que fez a trilha sonora de 'Soul' e venceu o Grammy

Músico de 35 anos populariza o jazz e ganhou o troféu de melhor álbum do ano na premiação com 'We Are'

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Adriana Arakake
São Paulo

Em um apartamento cheio de familiares, amigos, a namorada de longa data, ativistas e colaboradores musicais, a TV ligada anunciava os concorrentes do Grammy 2022 e cada vez que o nome de Jon Batiste era citado, todos entravam em festa.

Ao final da nomeação, Jon Batiste havia angariado 11 indicações, marca ultrapassada apenas duas vezes na história da premiação —por Michael Jackson, em 1984, e por Babyface, em 1997.

Ele venceu o troféu de melhor álbum do ano na premiação, com "We Are", na premiação que ocorreu na noite deste domingo (3), em Los Angeles.

O cantor e pianista Jon Batiste, que concorre a um Oscar pela trilha da animação "Soul"
O cantor e pianista Jon Batiste, que concorre a um Oscar pela trilha da animação "Soul" - Louis Browne

Jon Batiste é considerado um expoente do jazz atual e vem de uma longa linhagem de New Orleans, sua cidade natal. Seu pai, baixista, tocou com lendas como Isaac Hayes e Jack Wilson e co-fundou a Batiste Brothers Band, que chegou a ter 23 membros da família. Entre seus tios e primos, estão músicos que já fizeram parte do Funky Meters, uma das bandas mais importantes de New Orleans.

Pianista, cantor e compositor, Batiste começou tocar bateria aos oito anos, aos 11 mudou para o piano e, aos 13, já liderava a própria banda. Quatro anos mais tarde, começou cursar estudos de jazz na Juilliard School. Foi também com essa idade que lançou seu primeiro álbum, "Times in New Orleans", e começou a fazer turnês pelo mundo.

Ele já se apresentou e gravou com inúmeros artistas, entre eles Prince, Wayne Shorter, Wynton Marsalis e Stevie Wonder. No ano passado, foi o segundo compositor negro a ganhar o Oscar de Melhor Trilha Sonora Original, sucedendo Herbie Hancock, em 1986, por seu trabalho em "Por Volta da Meia Noite", uma adaptação do livro "Dance of the Infidels: A Portrait of Bud Powell", de Francis Paudras, dirigido por Bertrand Tavernier.

A verdadeira carta de amor ao jazz, feita especialmente para a lindíssima e tocante animação "Soul", a primeira que tem como protagonista o pianista Joe Gardner e personagens negros da história, com consultoria de Hancock e composições originais de Batiste em parceria com Trent Reznor, líder do Nine Inch Nails e Atticus Ross.

O multifacetado artista ainda é diretor do National Jazz Museum do Harlem, diretor musical da revista de arte e cultura The Atantic, compôs uma sinfonia de 40 minutos, a ser apresentada em maio de 2022 por mais de 200 músicos no Carnegie Hall, onde também trabalha como curador.

Em 2014, ele apresentou com sua banda Stay Human o single "Express Yourself". Um ano depois, o grupo foi anunciado como residente no The Late Show, com Stephen Colbert. Antes da fama, no entanto, a banda costumava fazer shows nos metrôs de Nova York com a ideia de difundir o jazz.

Seus projetos futuros ainda incluem um musical da Broadway, que retratará a vida de Jean-Michel Basquiat.

O ativismo é outra característica de Jon Batiste. Basta escutar, por exemplo, "Down By The Riverside", música que costumava ser entoada por escravos nos campos de trabalho do sul dos Estados Unidos e que já foi gravada por nomes como Louis Armstrong, Nat King Cole e Sister Rosetta Tharpe, promoveu marchas em protesto pelas mortes de pessoas negras pelas mãos da polícia.

Em março de 2021, Batiste lançou o tão comentado álbum "We Are", grande responsável por colocá-lo na concorrência dos Grammys. Ele foi indicado por gravação do ano, com "Freedom"; disco do ano, com "We Are"; melhor performance de R&B tradicional, com "I Need You"; melhor disco de R&B, com "We Are"; melhor performance de american roots, cok "Cry"; melhor música de american roots, com "Cry"; melhor composição clássica contemporânea; melhor videoclipe, com "Freedom".

As indicações incluem também seu trabalho em "Soul" nas categorias melhor solo de jazz improvisado, com "Bigger Than Us", melhor trilha sonora para mídia visual e melhor disco de jazz instrumental.

Batiste, com 35 anos, já tem vários discos lançados, é dono de uma energia e presença de palco incríveis e um dos principais responsáveis por popularizar o jazz, porque sua música é uma mistura deliciosa do jazz tradicional com soul, rhythm & blues, funk, pop e batidas afro-caribenhas.

"We Are" conta com participações de Quincy Jones, Trombone Shorty, entre outros. Na faixa título, inspirada pelo movimento Black Lives Matter, o gospel é parte importante com a participação dos coros do St. Augustine High School Marching 100 e do Coral Gospel Soul Children.

Mavis Staples, uma artista muito reconhecida por sua contribuição na luta pelos direitos humanos, faz um poderoso interlúdio entre "Adulthood" e "Freedom". O álbum tem um tom político, mas é leve, dançante e alegre. A deliciosa "I Need You", com uma pitada do swing das Big Bands dos anos 1950, do Boogie-Woogie e versada ao estilo rap, está lá para mostrar isso. Sãoo misturas que se encaixam muito bem e vem agradando muito, público e crítica. Onze indicações Grammy, afinal, não são para qualquer um.

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