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Tony Goes

Sem Natália, BBB deve ter final só com homens após seis campeãs

Nenhum deles se mostrou machista demais, e única mulher remanescente deve se afastar do prêmio pelo histórico de lágrimas

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A última vez que um homem venceu o Big Brother Brasil foi em 2015, quando Cézar Lima sagrou-se campeão com 65% da preferência do público. De lá para cá, o reality da Globo vem sendo dominado pelas mulheres.

Não faltam razões para isto. Uma delas é o próprio público do programa, de maioria feminina, que se identifica mais com as jogadoras de seu próprio gênero. A outra é o naipe de muitos dos participantes homens: nas últimas edições, não faltaram sujeitos machistas. Crentes que estavam abafando, eles rapidamente caíram em desgraça.

Esta tradição de seis anos está prestes a ser quebrada. Com as eliminações de Natália na madrugada desta terça (12) e de Linn da Quebrada neste domingo (10), o BBB 22 tem apenas uma mulher entre seus oito finalistas.

Natália no BBB 22
Natália no BBB 22 - Reprodução/ Globoplay

É tentador dizer que o programa reflete os ventos políticos do país. Afinal, em 2019, uma moça conhecida pelas declarações preconceituosas saiu-se vencedora. Alguns meses antes, um candidato conhecido pelas declarações preconceituosas havia sido eleito presidente da República.

No ano seguinte, quando a popularidade do novo presidente começava a despencar, a maré também virou no BBB. Nas temporadas de 2020 e 2021, as mulheres se uniram contra os machões que tentavam jogar umas contra as outras. Foram todos eliminados em sequência, e a "casa mais vigiada do Brasil" se transformou num matriarcado.

Nada disso aconteceu este ano, bem ao contrário. Um grupo de rapazes do chamado quarto Grunge, formado pelos atores Arthur Aguiar e Douglas Silva e pelos esportistas Paulo André (ou P.A.) e Pedro Scooby, desenvolveu rapidamente uma sólida amizade.

Com pelo menos três de seus membros em excelente forma física, o quarteto começou a vencer quase todas as provas que exigiam força e resistência, e passou a ditar o ritmo do jogo.

Enquanto isto, o pessoal do quarto Lollipop, composto quase todo por mulheres, não conseguiu traçar uma estratégia coerente, e se mostrou desunido em diversas ocasiões. Resultado: só um de seus integrantes originais continua na disputa, o designer Eliezer. Talvez não por acaso, um homem.

Isto quer dizer que o clima do país mudou de novo? Que a mais que provável vitória de um homem nesta edição significa que os reacionários serão reeleitos em outubro? Como se dizia antigamente, calma no Brasil.

O elenco do BBB 22 foi extraordinariamente mal escolhido, com anônimos sem carisma e famosos mais interessados em se promover do que em entrar em brigas por causa de meros R$ 1,5 milhão. Mas há que se reconhecer um acerto da produção: nenhum homem ostensivamente machista foi selecionado. Isto evitou a repetição da narrativa predominante dos últimos anos, e acabou dando um nó na cabeça de muita gente.

Com modos corteses, lealdade intrínseca e até beleza física, os seis homens dessa reta final podem representar o namorado ideal no imaginário de muitas espectadoras. Até mesmo Arthur Aguiar, um adúltero serial aqui fora, é perdoado por elas.

Enquanto isso, tanto Natália, agora eliminada, quanto Jessi, a única mulher remanescente, têm um histórico de lágrimas e reclamações, que as impedem de ser vistas como "forte" —e, portanto, merecedoras do prêmio final.

O BBB é um retrato do Brasil? Mais ou menos. Antes de mais nada, é uma máquina de fazer dinheiro para a Globo, que nunca se preocupou em promover nenhuma causa social dentro do programa. Se isto acontece, é por causa de um o ou outro participante, e do impacto que ele causa no público. O público deste ano está inclinado a dar a vitória a um homem, e não há nada de errado com isto.

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