"Klondike: A Guerra na Ucrânia", filme ucraniano que chega nesta quinta-feira aos cinemas brasileiros, foi lançado em janeiro no Festival Sundance, nos Estados Unidos, e de certo modo já previa o que poderia acontecer com as tensões entre o seu país de origem e a Rússia.
Isso porque o longa da diretora Marina Er Gorbach alertava ao mundo sobre o conflito até então meio esquecido de Kiev com os separatistas apoiados por Moscou no leste da Ucrânia.
A diretora deu entrevista a este jornal e se comoveu ao lembrar a infeliz materialização de sua obra de ficção em realidade. Tropas russas invadiram a Ucrânia no mês seguinte ao lançamento do longa, e membros do elenco do filme foram deslocados para campos de batalha da guerra —caso dos atores Oleg Sevtchuk e Oleg Scherbina, além do diretor de fotografia, Sviatoslav Bulakovski.
No enredo de "Klondike", uma jovem grávida casada com um homem mais velho vivem num vilarejo sob a sombra crescente da guerra civil que o país viveu em 2014, e a gestação em fase final serve de metáfora sobre o mundo insondável que está por vir em meio ao caos e à violência.
"A guerra era mais ou menos conhecida na Europa, mas não nos Estados Unidos. Por isso trabalhamos pelo título", disse Er Gorbach, ressaltando as motivações que a levaram a filmar a história.
Vivendo hoje na Turquia, a cineasta mudou sua posição crítica em relação ao presidente Volodimir Zelenski após ele ter decidido ficar na Ucrânia mesmo com uma proposta para deixar o país em segurança oferecida pelos Estados Unidos.
Sua visão a respeito do Ocidente, no entanto, ficou menos condescendente. "Todos são responsáveis. As sanções duras deveriam ter começado em 2014. Deixaram Putin ocupar o Donbass, tomar a Crimeia, derrubar o avião", disse a diretora.
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