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Atriz de drama lésbico se afasta do cinema e chama indústria de racista e sexista

Adèle Haenel estrelou 'Retrato de uma Jovem em Chamas' e declarou que deixar as telas significa lutar contra desigualdade

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São Paulo

A atriz francesa Adèle Haenel, que estrelou o filme de amor lésbico "Retrato de uma Jovem em Chamas", de Céline Sciamma, vai se afastar da indústria do cinema por motivos políticos. Ela revelou a informação em entrevista ao veículo de imprensa alemão FAQ.

Atriz francesa Adèle Haenel durante a 45ª edição do prêmio César em Paris, em 2020 - Bertrand Guay/AFP

"A indústria cinematográfica é absolutamente reacionária, racista e patriarcal. Somos enganados quando dizemos a nós mesmos que aqueles que estão no poder são de boa vontade, que de fato o mundo seguiria na direção certa sob sua boa e às vezes inábil gestão. Claro que não. A única coisa que move a sociedade estruturalmente é a luta social. E me parece que, no meu caso, sair significa lutar", justificou a atriz.

Dizendo que a partir de agora vai se dedicar apenas ao teatro, Haenel ainda ressaltou que gostaria de participar de projetos com diretoras como Gisèle Vienne, Céline Sciamma e outros cineastas ativistas. "Ao deixar esta indústria, quero fazer parte de um outro mundo, outro cinema", ela disse.

Segundo Haenel, os movimentos de festivais e instituições do mundo do cinema em prol de mais diversidade são, em suas palavras, uma brincadeira. Ela lembrou o caso do chefe da agência de promoção cinematográfica francesa, Dominique Boutonnat, acusado de cometer agressões sexuais, e criticou o pequeno número de mulheres para a competição oficial do Festival de Cannes de 2022.

"Essa indústria trabalha de mãos dadas com a ordem econômica mundial, onde nem todas as vidas são criadas iguais", declarou a atriz de 33 anos, que faz filmes desde a adolescência.

Sua estreia nas telas ocorreu com o filme "Les Diables", de Christophe Ruggia, aos 13 anos. Em 2019, Haenel acusou o diretor de assédio praticado entre 2001 e 2004, após ela ser escalada para o filme. Depois de um inquérito conduzido pela Procuradoria de Paris, Ruggia foi preso em 2020.

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