Guggenheim veta patrocínio dos Sackler por peso da família na crise dos opioides

Donos de indústria farmacêutica são responsáveis por remédio opiáceo que agravou epidemia de narcóticos nos EUA

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São Paulo

O museu Solomon R. Guggenheim, uma das principais instituições culturais de Nova York, se distanciou da família Sackler ao apagar seu nome de um centro educacional por causa do envolvimento da família na atual crise de opioides que os Estados Unidos enfrenta, informou o jornal The New York Times nesta semana.

Fachada do museu Guggenheim, em Nova York - Xinhua/Han Fang

"O Guggenheim e a família de Mortimer D. Sackler concordaram em renomear o centro educacional de artes", disse Sara Fox, porta-voz do museu, num comunicado. "Nós acreditamos que essa decisão é do interesse do museu e do trabalho vital que ele desempenha."

A notícia ocorre após outro importante museu de Nova York, o Metropolitan, ter removido o nome da mesma família de uma de suas galerias mais populares, que guarda, entre outras obras, o templo de Dendur, uma edificação do Egito Antigo datada do século 15 a.C.

Donos da Purdue Pharma, uma gigante indústria farmacêutica, a família Sackler se envolveu num escândalo sanitário por comercializar o medicamento OxyContin, um analgésico que causa dependência e tem sido apontado como um dos responsáveis por uma epidemia de opioides que acomete os Estados Unidos, a ponto de ter levado o então presidente Donald Trump a declarar emergência de saúde pública há cinco anos.

A fotógrafa americana Nan Goldin começou há quatro anos a apontar como museus e instituições culturais têm laços estreitos com a família.

Em 2019, ela —que formou uma organização pela causa, o Prescription Addiction Intervention Now—, foi com outras pessoas ao Guggenheim para se manifestar com cartazes contra os Sackler picotando receitas médicas falsas do OxyContin. Um ano antes, o mesmo grupo se mobilizou jogando frascos vazios do medicamento no espelho d'água que ficava na ala Sackler do Metropolitan.

Em comunicado divulgado na terça, Goldin comentou o movimento de afastamento da família pelos museus. "Ações diretas funcionam", ela afirmou. "Nosso grupo luta há quatro anos para mostrar a responsabilidade da família no âmbito cultural com ações efetivas e com grande apoio de grupos locais que lutaram ao nosso lado."

Nesta semana, outra instituição que cortou os laços com os Sacklers foi a National Gallery de Londres. O museu, um dos mais conhecidos do Reino Unido, comunicou que o nome da sala 34, a galeria Sackler, seria alterado. ​No mesmo país, também se distanciaram da família neste ano os museus Tate, as galerias Serpentine e o Museu Britânico.

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