Descrição de chapéu Virada Cultural feminicídio

Margareth Menezes brada contra feminicídio e exalta samba-reggae na Virada Cultural

Uma das principais atrações do evento, cantora transformou centro de São Paulo em Carnaval

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São Paulo

Com uma roupa dourada e brilhante, Margareth Menezes transformou o palco Viaduto do Chá, o principal da Virada Cultural no centro de São Paulo, num Carnaval. Ela foi uma das principais atrações do sábado no festival público.

A apresentação da Virada Cultural começou atrasada em quase 40 minutos, segundo disse a cantora, devido a problemas na montagem dos tambores. "Meu show sem percussão não dá", ela disse, a certa altura.

O público estava numeroso e foi aumentando conforme ela cantava. Menezes começou com "Canto da Massa", gerando movimentações intensas de gente correndo até o palco. Algumas pessoas saíram pulando em conjunto, numa espécie de trenzinho, gerando um tumulto.

Show da cantora Margareth Menezes na Virada Cultural, no centro de São Paulo - Jardiel Carvalho/Folhapress

Depois, algumas brigas pipocaram nas regiões próximas ao palco, e houve arrastões e roubos de celulares. Mas, apesar do foco de confusão, o clima geral do show foi tranquilo.

A baiana cantou "Faraó", um de seus maiores sucessos, causando um alvoroço. A música é um dos hits do axé, que marcou a ascensão do samba-reggae feito pelos blocos afro na Bahia, como Olodum e Ilê Ayê. Também puxou "Me Abraça e Me Beija", clássico do Carnaval baiano composto por Lazzo Matumbi, que foi sucesso na voz de Menezes nos anos 1990.

Ela bradou contra o feminicídio e pediu o fim da violência no país. "Não é comum numa sociedade se matar tantas mulheres como no nosso país", disse. "E não é pobreza. Tem lugares que têm pobreza, mas o povo não fica se matando como no Brasil. Precisamos resolver essa questão. Não é só questão de política, mas de comportamento social também. Vamos respeitar o outro. Não dá para não mudar."

Depois, puxou a música "Mãe Preta", a qual dedicou à ancestralidade negra e feminina, e cantou "Banho de Folhas", da conterrânea Luedji Luna. Menezes se disse apaixonada pela nova geração e pediu o fim dos preconceitos contra negros, LGBTs e mulheres. "A gente quer um país diferente, com respeito para todas as pessoas."

O repertório ainda incluiu outras músicas mais novas, como "Me Dê", do músico Martins, e "Capim Guiné", do Baianasystem. Ela defendeu o afro-pop enquanto uma música urbana e exaltou o samba-reggae, estilo que a alçou à fama nos anos 1990, além de traçar pontes estéticas entre a Bahia negra e a Jamaica.

Já perto do fim, Menezes puxou músicas de Gilberto Gil ("Toda Menina Baiana") e Caetano Veloso ("Atrás do Trio Elétrico", "A Luz de Tieta") e gastou a voz para fazer o público pular ao som de "Dandalunda", composição de Carlinhos Brown que é um dos maiores sucessos na voz da baiana. O vale do Anhangabaú ficou em clima de Carnaval, gritando "mais um" quando ela indicou que ia sair.

A cantora lamentou os dois anos sem a festa de rua, mas disse que daria "uma pílula de Carnaval para vocês". Cantou "Frevo Mulher", de Zé Ramalho, "Banho de Cheiro", famosa com Elba Ramalho, exaltou o Nordeste e emendou "Chama Gente", de Moraes Moreira.

Antes do fim do show, ela interrompeu a banda para cumprimentar uma pessoa na plateia. "Segurança, por favor, é meu fã, vai com calma com ele, é gente boa", disse.

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