Caruaru agora nega censura política no São João e culpa burocracia de edital

Prefeitura diz que documento foi 'mal redigido' e que não vai penalizar quem se manifestar politicamente nas apresentações

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Ribeirão Preto

A Prefeitura de Caruaru, cidade localizada a 136 quilômetros do Recife, publicou uma nota no Instagram negando que haverá censura contra manifestações políticas dos artistas que se apresentarão no São João.

Abertura do São João de Caruaru de 2019
Abertura do São João de Caruaru de 2019 - Jorge Farias/Prefeitura de Caruaru

A nota foi publicada no início da tarde desta sexta-feira (20), depois de a Folha ter noticiado que o edital de contratação dos artistas dizia que qualquer atração "que expresse conteúdo político de qualquer natureza" não seria contratada e que o descumprimento da cláusula poderia levar à suspensão de cachês.

A festa, que começa em 4 de junho e vai até 2 de julho, deverá contar com presença do presidente Jair Bolsonaro, de acordo o prefeito Rodrigo Pinheiro, do PSDB. Também participará o ex-ministro do Turismo, Gilson Machado Neto, que faz parte do Brucelose, um grupo de forró.

"O texto do edital, mal redigido, foi pensado por burocratas que buscavam evitar a politização de um evento que tem como finalidade o entretenimento, a valorização da cultura e a celebração religiosa das festas de junho. Nosso compromisso é absoluto e irrestrito com a liberdade de expressão, essencial para assegurar a continuidade do processo democrático. Não haverá qualquer tipo de pena para quem se livre manifestar durante o evento", diz a nota.

Antes da publicação da nota, o presidente da Fundação de Cultura de Caruaru, Rubens Júnior, disse ao Marco Zero, um coletivo de jornalismo independente do Recife, que não enxerga a cláusula do edital como censura.

"O que que a gente está contratando não é a posição política do artista. Se ele faz isso num teatro, as pessoas pagam para assistir ao show dele. Eu mesmo vou e bato palma quando é a meu favor e vaio quando é contra a minha posição política. Mas é um show privado. Um show com recursos públicos a gente tem que ter essas precauções."

"Eu tenho copatrocínio do governo federal, do governo estadual e a prefeitura banca a maior parte da festa. São três posições políticas diferentes. Como é que eu resolvo isso? Resolvo dizendo assim ‘olha, não se fala em política, porque o show não é para manifestação individual, o show é para manifestação individual artística’."

Além dos artistas locais, boa parte deles inscritos por meio do edital, devem se apresentar na festa Luan Santana, Mari Fernandez, Felipe Amorim, Dorgival Dantas e Bell Marques. As apresentações principais serão divididas em matinês nos dias 11, 23, 24, 25 e 26 de junho.

O imbróglio surge cerca de um mês e meio após Pabllo Vittar ter mostrado uma toalha com o rosto do ex-presidente Lula e feito um sinal de "L" com a mão no palco do Lollapalooza, festival de música que ocorreu no último fim de semana de março em São Paulo.

A equipe do presidente Jair Bolsonaro questionou a organização do festival. Seu partido, o PL, acionou o TSE por suposta propaganda eleitoral irregular no evento, alegando que a legislação só permite campanha política a partir de 16 de agosto.

O tribunal acatou parcialmente o pedido e determinou multa de R$ 50 mil para o festival se houvesse outras manifestações a favor ou contra qualquer candidato ou partido no Lollapalooza. A produtora do evento, T4F, entrou com recurso e manteve a liberdade de expressão dos artistas.

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