Descrição de chapéu Virada Cultural

Barões da Pisadinha lota a Virada Cultural após funk enérgico de MC Hariel

Dia que começou com samba, em São Miguel Paulista, alcançou lotação máxima em clima de baile funk familiar

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São Paulo

Em contraste com as apresentações da Virada Cultural que rolaram no centro —que foram marcadas pela violência—, na periferia, o clima era pacífico e a sensação era de segurança. No palco São Miguel Paulista, na zona leste, após a apresentação do grupo Batuqueiros e Sua Gente, que abriu o domingo de shows, o público encheu a avenida Deputado Doutor José Aristodemo Pinotti à espera de MC Hariel e da dupla Barões da Pisadinha.

Show dos Barões da Pisadinha no palco de São Miguel Paulista, na zona leste
Show dos Barões da Pisadinha no palco de São Miguel Paulista, na zona leste - Eduardo Knapp/Folhapress

Entre copos com bebidas coloridas, óculos Juliette e narguilés, o público que se reuniu em frente ao palco —que ficava em frente ao Duas Pistas, um pequeno açougue local—, era composto na maioria por adolescentes e crianças e viu Hariel subir ao palco às 15h16.

A recepção do funkeiro foi enérgica. A pista —que tem capacidade para 20 mil pessoas— estava lotada e até os muros ao redor do palco estavam ocupados. A música escolhida para abrir o show foi "Cracolândia" —canção em que ele divide a autoria com o DJ Alok.

MC Hariel - Divulgação

"Muito prazer de estar na casa do Coringão", afirmou o cantor, se referindo ao Corinthians, seu time do coração.

Conhecido pelo funk consciente, antes de começar a música "Vou Buscar", Hariel disse que o funk tira os jovens do crime e dá oportunidade. Na sequência ele cantou "Vai Ter que Aguentar", música que divide com o MC Don Juan.

"Cuidado. Prioriza os parceiros do bem, que te levantam." Com essa afirmação, o MC homenageou o funkeiro MC Kevin —morto em maio do ano passado, após cair da sacada de um quarto de hotel.

Ele cantou "Manto do Timão", "Coração na Geladeira" e "Loco É Nois", canções que ele divide com Kevin. "Sempre faça tudo por quem você ama. Pode ser a última vez que você vai ver ele", comenta Hariel, emocionado no palco.

O momento alto do show foi a música "Maçã Verde", do disco "Avisa que É o Funk". Mas, antes de sair do palco, Hariel lembra que é ano de eleição, fala da importância de saber votar e critica Bolsonaro. "Não venda seu voto para mentiroso, criminoso, vamos tirar aquele homem de lá", diz o funkeiro.

Mesmo o público sendo grande e mostrando ansiedade enquanto aguardava a apresentação dos Barões da Pisadinha —dançado e cantando os famosos piseiros da dupla—, nenhuma ocorrência mais grave aconteceu. O ambiente tinha clima mais familiar e seguro, contraste do que foi visto nos palcos do centro.

O Barões da Pisadinha surgiu no palco às 17h em ponto. "Recairei", do disco ao vivo do ano passado, foi a música que deu a largada no show.

Rodrigo e Felipe Barão em show do Barões da Pisadinha no palco de São Miguel Paulista, durante a Virada Cultural - Eduardo Knapp/Folhapress

O público, que era jovem, se transformou em questão de poucos minutos. Agora era possível ver pessoas mais velhas e pais com filhos. "Zero Saudade", música que os Barões dividem com a dupla Maiara e Maraisa, foi a segunda entoada pela banda.

Então, além dos que ocupavam os muros ao redor do palco, surgiram pessoas em cima das lajes e nas janelas. E o mais inusitado –no céu apareceram drones e pipas.

A banda mesclou seu repertório com músicas famosas do sertanejo, como "Meu Pedaço de Pecado", de João Gomes, e do funknejo, como "Toma Toma Vapo Vapo". E até tocou "Desenrola Bate Joga de Ladinho", dos Hawaianos.

Todas as músicas foram cantadas alto e bom som pelo público, uma indicação clara de como a dupla sertaneja se identifica com a periferia. O show chegou ao fim, após 1h15 de apresentação, com gritos de "bis" e "mais um". E, assim que as luzes se apagam, encerrando as atrações da Virada Cultural, parte do público volta a gritar "fora, Bolsonaro".

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