Entenda a acusação de estupro contra Edi Rock, dos Racionais, que nega os atos

Segundo a denunciante, que fez publicações nas redes sociais, o rapper a tocou à força e tentou tirar suas calças

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São Paulo

Na semana passada, a sexóloga e doula Juliana Thaisa publicou uma série de stories, no Instagram, dizendo ter sido vítima de estupro pelo rapper Edi Rock, dos Racionais MC's, num episódio que teria acontecido no ano passado. O músico nega a acusação.

Segundo a sexológa, o caso teria se dado no fim de maio do ano passado, em seu apartamento, que fica no centro de São Paulo. Na rede social, ela contou detalhes do que supostamente aconteceu e do fato de ter acionado a polícia, em 1º de junho do ano passado.

homem negro num palco
Edi Rock em show do Racionais MC's no Espaço das Américas, em 23 de abril deste ano - Rafael Strabelli

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública diz que o caso foi investigado pela 1ª Delegacia de Defesa da Mulher da capital.

"A vítima prestou depoimento na delegacia e outras oitivas foram colhidas ao longo do inquérito que foi relatado à Justiça em 30 de setembro de 2021, não retornando mais à unidade para realização de novas diligências. Após apreciação do Ministério Público, os autos foram arquivados. Detalhes devem ser solicitados ao órgão judicial competente", diz a nota.

"Na época, eu não expus para preservar a minha filha, fiquei com medo. Há pouco tempo decidi expor tudo, tanto as violências do núcleo familiar, como a violência do cantor de rap", disse a sexológa, numa das publicações que fez em seu Instagram, que agora está privado.

Quando o caso de Thaisa veio à tona, Edi Rock se defendeu no Twitter. "Sobre as acusações contra mim nas redes, já foi comprovado pela Justiça que é mentira. Os fatos expostos tornaram a narrativa apresentada ilegítima e caluniosa. Meus advogados, cientes, tomaram as medidas cabíveis", escreveu ele.

Vale ressaltar que, com o arquivamento do caso, o rapper não está mais sob investigações nem condição de acusado. Isso significa que o Ministério Público não encontrou elementos de convicção suficientes para propor uma ação penal contra ele.

Dias após o caso ter vindo à tona, os dois envolvidos deram entrevista ao Câmera Record, programa da TV Record, exibido neste domingo, e detalharam suas versões do que teria acontecido na data.

Tanto Thaisa quanto o músico afirmaram à reportagem que vinham trocando mensagens de cunho sexual, flertando um com o outro, antes de se encontrarem na noite de 31 de maio, no apartamento da sexológa.

Segundo Thaisa, durante o encontro —que ela teria pedido para ser rápido, já que sua filha estava em casa— houve um momento em que ela passou a se sentir desconfortável com a postura do rapper, que estava dando em cima dela, e por isso teria dito que não queria seguir adiante.

"Ele enfiou as mãos nos meus seios, tentou abaixar a minha calça. Fiquei segurando o rosto dele para ele não me beijar", afirmou Thaisa.

Em 7 de junho deste ano, a sexológa postou no Instagram que havia sonhado com o cantou que "a estuprou no ano passado", sem mencionar Edi Rock, o que fez semanas depois.

O rapper, no entanto, nega que tenha cometido qualquer ato sexual contra a vontade dela. "Ela sentou no meu colo e teve aproximação [entre os dois] e interação entre um homem e uma mulher."

Edi Rock afirmou que, quando Thaisa começou a recusar o flerte, ele respeitou o desejo e foi embora. Estranhando a revolta da sexológa, que, segundo ele, foi repentina e inesperada, ele decidiu, então, telefonar para a moça pouco após deixar sua casa.

A gravação do diálogo, também exibida pela Câmera Record, mostra uma discussão entre os dois. Na conversa, ele pede desculpas "se aconteceu alguma coisa" e se foi "invasivo". Ela, então, responde dizendo que ele tentou a agarrar à força enquanto sua filha dormia.

"No momento [da revolta de Thaisa] já pensei em várias situações, inclusive em armadilha. Por que não? 'Como assim? Não estou entendendo. O que está acontecendo? Está sendo filmado? É pegadinha? Não entendi nada", disse Rock ao programa.

"Flerte não é passe livre para assédio", afirmou Thaisa . "Essas conversas aqui [aponta para papéis com prints dos flertes trocados pelos dois] não significam nada."

Oficialmente, a queixa de Thaisa foi registrada pela polícia como "um possível caso de importunação sexual", não estupro.

Após investigações, o Ministério Público arquivou o caso, dizendo que "não se pretende desacreditar a palavra da vítima solitária de crime sexual, mas não se pode estabelecer que sua palavra, isolada, garanta a persecução penal, fadada ao insucesso".

A Folha entrou em contato com Juliana Thaisa, que até o momento da publicação desta reportagem não deu retorno, e Edi Rock, que não quis se manifestar.

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