Festival de Inverno de Campos do Jordão volta com Chopin à forma tradicional

Evento retorna aos moldes tradicionais depois de pandemia e tem Semana de Arte Moderna como ponto de partida

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São Paulo

Depois de ser cancelado em 2020 e ter uma versão "pandêmica" no ano passado –com público controlado e transmissões online– o Festival de Inverno de Campos do Jordão retorna aos moldes tradicionais em sua 52ª edição, que acontece entre os dias 2 e 31 de julho em Campos do Jordão, no interior paulista, e na Sala São Paulo.

Como de costume, é a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo que faz o concerto de abertura, no dia 2, no auditório Claudio Santoro. O maestro suíço Thierry Fischer, titular do grupo, rege a "Suíte Antiga", do cearense Alberto Nepomuceno, e o "Concerto para Piano nº 1" de Chopin, com solos do jovem pianista canadense Jan Lisiecki.

Apresentação da Orquestra Jovem do Estado, grupo que integra a programação do 49º Festival de Inverno de Campos do Jordão
Apresentação da Orquestra Jovem do Estado no 49º Festival de Inverno de Campos do Jordão - Heloísa Bortz/Divulgação

A Semana de Arte Moderna e os desdobramentos do modernismo na música são o tema norteador da programação, chamada "Modernos Eternos" –uma referência ao poema "Eterno", de Carlos Drummond de Andrade.

"Naturalmente a Semana de Arte Moderna é o ponto de partida. Mas, em vez de nos concentrarmos na figura de Villa-Lobos, preferimos apostar numa programação que contextualize o modernismo internacional dos anos 1920 e 1930. São compositores de um período formador da nossa consciência contemporânea", afirma o violonista Fábio Zanon, coordenador artístico-pedagógico do festival.

Assim é que, nos 89 concertos que compõem a programação, a maioria gratuitos, estarão presentes autores como Prokofiev, Bartók, Martinu, os franceses Darius Milhaud, Francis Poulenc, Albert Roussel e mesmo o italiano Ottorino Respighi.

As apresentações acontecem, em Campos do Jordão, no tradicional auditório Claudio Santoro, no parque Felicia Leirner, no recém-inaugurado parque Capivari, no palácio Boa Vista e na igreja de Santa Teresinha.

Na capital, a Sala São Paulo terá uma agenda diária de eventos. Além da Osesp, integram a programação do festival a Brasil Jazz Sinfônica, a Filarmônica de Goiás, a Sinfônica Municipal de São Paulo, a Municipal de Campinas com seu novo maestro, Carlos Prazeres, a Orquestra Jovem do Estado de São Paulo e outras orquestras jovens, como a do Theatro São Pedro e a de Mogi das Cruzes, no interior paulista.

Tal como a programação cultural mundial, a do festival não passou incólume pela pandemia. Uma das consequências mais evidentes é a predominância de artistas nacionais na programação. Dos 52 professores, a maioria é brasileira e atuante na Osesp.

"Viajar está mais caro e eventos de natureza internacional tendem a encarecer. Questões sanitárias também fazem com que a produção se encareça. Isso prejudica um evento como o Festival de Campos do Jordão", argumenta Fabio Zanon. "Ao mesmo tempo em que houve uma valorização da produção cultural por parte do público durante o confinamento, persiste uma falta de consciência do preço de se fazer produção cultural."

Da mesma forma, dos 142 alunos bolsistas do festival, a maioria vem do Brasil, embora de diversos estados, bem como de países vizinhos, especialmente em áreas em que o festival é particularmente elogiado, como percussão, clarinete e violão. Nas redes sociais, o fato de esta edição não contemplar um curso de composição gerou descontentamentos.

Segundo o coordenador do evento, isso se justifica porque a modalidade já foi contemplada na primeira edição de verão do festival, realizada em janeiro. "É um curso complicado de se montar, tem exigências técnicas bastante específicas que nossa presente condição não suporta. E, francamente, acho que fazer dois cursos de composição num só ano é mais do que a própria área comporta no momento.

O curso de composição no verão foi inovador no sentido de não se concentrar na composição acadêmica, que já é privilegiada pelas nossas universidades. É algo que ainda está em discussão, vamos decidir se o curso permanece no verão ou se volta para o festival de inverno", justifica Zanon.

A Orquestra do Festival, formada pelos bolsistas que participam de cada edição, faz cinco concertos. Nos dias 16, em Campos do Jordão, e 17, em São Paulo, o modernismo francês está em pauta com destaque para a "Sinfonia em Ré Menor" de César Franck, em comemoração ao bicentenário do autor, sob regência do turco "Çem Mansur".

Neil Thompson comanda o grupo no dia 23, num concerto que tem como destaque a obra "Santos Football Music", de Gilberto Mendes, um dos mais importantes compositores brasileiros do século 20 e que tem seu centenário comemorado neste ano, em diálogo com "Half-Time", do tcheco Bohuslav Martinu, obra também inspirada no futebol e que tem sua primeira audição brasileira.

O grupo também é responsável pelo encerramento do festival, nos dias 30 de julho, na Sala São Paulo, e 31 de julho, no auditório Claudio Santoro, sob regência do maestro Marcelo Lehninger, brasileiro radicado nos Estados Unidos.

52º Festival de Inverno de Campos do Jordão

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