Gilberto Gil ganhou nesta terça (14) um museu virtual na plataforma Google Arts & Culture. A mostra digital, lançada no ano em que o cantor faz 80 anos e se torna um imortal da Academia Brasileira de Letras, tem um acervo com mais de 41 mil imagens distribuídas em 140 seções, além de 900 vídeos e gravações históricas digitalizados.
Um dos destaques é um disco nunca lançado, gravado em 1982 em Nova York e que se perdeu quando o compositor voltou ao Brasil. O álbum foi encontrado pelos pesquisadores Chris Fuscaldo e Ricardo Schott durante o processo de pesquisa e digitalização dos materiais do artista.
Todas as faixas estão disponíveis para audição, incluindo gravações inéditas como "You Need Love" —ouça aqui. Parte das músicas é inédita e parte já existia e foi vertida do português para o inglês.
O disco foi resgatado a partir de uma fita K7, com uma mixagem não definitiva mas que era a única, afirmou Gil durante entrevista coletiva no evento de lançamento da iniciativa em São Paulo, na manhã desta terça. Gravado durante um período de três meses, o álbum sai agora do jeito que foi encontrado, sem uma nova mixagem.
"É um disco de 40 anos atrás, 40 anos não são quatro dias. Eu ainda com a vozinha [de voz] bem jovem, bem fresquinha. Um resgate precioso", disse o músico. O disco tem participação do ícone da voz negra Roberta Flack e produção do percussionista Raplh MacDonald.
Segundo Gil, a exposição virtual sobre sua vida "é um apanhado eletrônico de todas as coisas que fizemos, as linguagens desenvolvidas". Intitulada "O Ritmo de Gil", a mostra realizada em parceria com o Instituto Gilberto Gil tem uma coleção de itens de sua trajetória, e se vale de documentos, fotos e vídeos para tratar da influência do cantor na cultura brasileira e internacional.
É dividida em três grandes partes —uma dedicada à sua música e discografia, outra sobre momentos de sua vida, incluindo fotos de família de sua infância e adolescência, e uma terceira sobre a influência de Gil no cenário global da música. Tem também entrevistas com Caetano Veloso, Maria Bethânia, Gal Costa, Jorge Benjor, Carlinhos Brown e o ex-presidente Lula.
Gil disse ter um apreço especial pelos materiais de sua infância e adolescência disponíveis no site, mais até do que pela documentação de sua vida adulta. "Depois que me tornei figura pública, tudo o que apareceu em torno de mim são coisas que já estão na dimensão do homem conhecido."
Ele falou também de seu encanto pelo ciberespaço e pelo mundo digital, transformações que chama de "grande revolução".
Em relação à sua carreira, comentou que há uma possibilidade de os Doces Bárbaros —a banda que ele teve nos anos 1970 com Caetano, Maria Bethânia e Gal Costa—, voltarem, e que Bethânia tem interesse nisso e vem manifestando esta vontade nos últimos tempos. "É possível, sim, que a gente queira e consiga se reunir de novo. Tomara que aconteça." A declaração foi em resposta a uma pergunta de um jornalista da rede Bandeirantes.
"O Ritmo de Gil" é a primeira retrospectiva de um artista brasileiro vivo na plataforma, e está disponível em português, inglês e espanhol.
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