Morre José Teixeira Coelho Netto, que foi diretor do Masp em fase crítica, aos 78

Causa da morte foi uma série de complicações de uma mielodisplasia, doença semelhante à leucemia

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

José Teixeira Coelho Netto, que liderou o Masp em fase crítica do museu e foi aguerrido pensador da arte, morreu aos 78 anos, em São Paulo, nesta sexta-feira (3).

A causa foi uma série de complicações de uma mielodisplasia, doença semelhante à leucemia. Teixeira Coelho recebeu o diagnóstico em outubro do ano passado. Ele passou por sessões de quimioterapia e recebeu um transplante de medula, doado por sua filha, Bruna, em fevereiro.

O acadêmico se recuperava bem, mas, no fim de abril, sua saúde voltou a piorar, e ele foi internado novamente no hospital. A alta estava programada para esta sexta-feira, mas seu quadro de saúde piorou e ele morreu durante a tarde do mesmo dia. Ele deixa a filha e um neto de dois anos.

O professor e curador Teixeira Coelho, em retrato de 2015 - Luis Ushirobira/Valor

Teixeira Coelho nasceu em 31 de janeiro de 1944, em São Paulo. Com longa trajetória acadêmica, foi especialista em políticas culturais, curador, escritor, crítico de arte e professor titular e emérito da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo.

Entre 2006 e 2014, esteve à frente da direção artística do Masp, época em que o museu era presidido pelo arquiteto Júlio Neves e atravessava uma das maiores crises financeiras de sua história. No cargo, Teixeira Coelho criou uma abertura para a arte contemporânea e organizou o acervo clássico da instituição por afinidades e temas.

Sua gestão foi criticada por se distanciar do pensamento de Lina Bo Bardi, a arquiteta do museu na avenida Paulista. No lugar dos famosos cavaletes de vidro, resgatados pela atual gestão do museu, Teixeira Coelho preferiu cenografias coloridas para dispor o acervo.

Ele também foi diretor do MAC, o Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, entre 1998 e 2002, onde fez mudanças importantes na administração e no acervo. A atual diretora do museu, Ana Magalhães, destacou na gestão de Teixeira Coelho o projeto "Obra em Contexto", que apresentou a coleção da instituição ao público, e a retomada da ampliação para uma segunda sede.​

Além disso, ele colaborou com publicações neste jornal, em que discutia, sobretudo, arte. No âmbito da política cultural, Teixeira Coelho contribuiu para a construção do Observatório Itaú Cultural e coordenou cursos de gestão no centro cultural, além de produzir livros e fazer curadorias de exposições.

Em nota, o presidente da instituição, Alfredo Setubal, lamentou a morte do professor. "Além de excepcional e dedicado curador, era um profundo estudioso e pensador a respeito da arte e da cultura brasileira", escreveu. "Era um curador singular e estudioso, que fazia relações e procurava estabelecer novas fronteiras entre a arte, artistas e os nossos tempos. O Brasil perde muito com a sua partida."

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.