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Pabllo Vittar levanta bandeira do PT em show no festival Primavera Sound

Um dos maiores festivais da Europa, que terá edição no Brasil neste ano, teve shows de novos nomes da música brasileira

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Barcelona

Um dos principais festivais de música da Europa, capaz de fazer frente a pares gigantescos como o britânico Glastonbury ou o californiano Coachella, o Primavera Sound Barcelona voltou à ativa neste fim de semana —depois de dois anos de hiato devido à pandemia.

A 20ª edição do evento, que terá sua primeira versão brasileira neste ano, contou com mais de 220 mil espectadores em três dias de shows, com apresentações brasileiras e opiniões divididas sobre a organização.

Fotografia colorida com papeis picados, na maioria em roxo e amarelo, caindo sobre o público durante um show
Show da banda Tame Impala no festival Primavera Sound 2019, em Barcelona - Divulgação

Em meio a artistas de peso do cenário internacional, como o rapper Tyler the Creator e o grupo Gorillaz, Pabllo Vittar foi o maior nome brasileiro em cartaz no Primavera. O show da cantora seguiu a cartilha de festivais –sem margem para erro, com pouco espaço para improvisos e minuciosamente ensaiado.

Ainda assim, e mesmo num palco de menor alcance comparado a outros 15 de que o festival dispõe, Pabllo agradou brasileiros já catequizados por sua música e arrebanhou parte do público europeu e latino-americano.

Com pouco menos de uma hora, a apresentação encadeou hits de seus quatro álbuns de estúdio. Faixas como o arrocha "Amor de Que" ou o tecnobrega revisitado "Ultra Som" ganharam destaque. Sem banda —algo justificável em apresentações internacionais dado os altos valores de uma turnê desse tipo—, Pabllo contou com o apoio de seus quatro dançarinos em palco e de seu público na pista. Foi junto aos fãs que ela conseguiu uma bandeira do Partido dos Trabalhadores, empunhada e exibida logo em seguida de lado a outro do palco.

Outro show que falou a brasileiros já treinados e estrangeiros neófitos foi comandado por MC Carol. Acompanhada pelo também brasileiro DJ Dorly, a funkeira se apresentou no palco Boiler Room, plataforma britânica voltada a música eletrônica.

Na performance, Carol passou por seus sucessos como "Jorginho me Empresta a 12" e "Meu Namorado É Maior Otário". A MC também interagiu com o público em jogos de pergunta e resposta e coreografias típicas do gênero —era fácil identificar brasileiros e gringos na pista em meio aos passinhos de dança.

"Eu estava bastante apreensiva porque era minha primeira vez na Espanha. Mas foi o melhor show da minha turnê na Europa", disse Carol. "Levar o funk para esses espaços é minha bandeira, tem que ter funk em todos os lugares."

A apresentação da MC foi seguida pelo set da DJ e produtora paulistana Badsista. Desafiando os ouvintes internacionais, e mesmo brasileiros, como de costume, a artista levou seu bem bolado de techno obscuro e baile funk de rua, o mandelão, ao palco que ficava rodeado por uma pista de dança.

Ambos os shows fecharam o time da música eletrônica brasileira no festival espanhol junto do grupo Teto Preto. Misto de happening, banda punk e performance club music, o grupo paulistano foi um dos nomes escolhidos para abrir o festival num palco montado na rua.

Nomes em ascensão na música indie e autoral brasileira, as bandas Pluma, Bala Desejo e Tuyo fecharam a lista de shows nacionais no Primavera. Todos foram mais ou menos prejudicados pelo palco em que se apresentaram.

Voltado a performances curtas —com título endereçado a profissionais do mercado de música, Night Pro—, o espaço estava distante dos principais polos do festival e ainda sofria com o vazamento de som de outros palcos. A isso se somou a concorrência de medalhões do evento, resultando num público reduzido nos três espetáculos.

Ainda assim, os grupos entregaram retidão de repertório e disposição para embalar quantas cabeças assistissem ao show. O Pluma fechou com sua principal música de trabalho, a balada jazzística "Leve". A trupe do Bala Desejo conseguiu carnavalizar a pista com seu jogo de cena à la Doces Bárbaros e toques de fanfarra com tempo quebrado na faixa "Baile de Máscara". Indicado ao Grammy Latino no ano passado, o trio Tuyo completou a noite com toques de R&B e canção de amor "made in Brazil".

A audiência minguada dos shows pouco se assemelhou ao que foi visto em áreas nobres do Parc del Fòrum, o mastodôntico espaço com ares portuários que sedia o Primavera Sound. Boa parte desses palcos recebeu artistas internacionais que farão parte da estreia do festival no Brasil, em setembro.

Nomes como a popstar Charli XCX, os veteranos do noise Shellac e o contemplativo Beach House tocaram para multidões em apresentações que, à exceção de algumas mudanças voltadas ao público brasileiro, devem se repetir no Primavera São Paulo –sucessos dos últimos álbuns e um ou outro lado B.

A organização do festival estimou o público nesse retorno em cerca de 220 mil espectadores só no primeiro fim de semana. O número é similar ao que se viu na última edição do Primavera, em 2019, mas os efeitos do fluxo elevado de pessoas no Parc del Fòrum não parecem ter sido os mesmos de anos anteriores. Nas redes sociais, muitos criticaram o festival por filas excessivas, superlotação e falta de água.

Uma espectadora brasileira que preferiu não se identificar disse que teve uma experiência conturbada ao fim do show da cantora Charli XCX e início do show da banda Tame Impala —ambos atrações principais do evento.

"Eu assisti ao show dela bem à frente do palco e tive de esperar 40 minutos para sair do mesmo lugar, era difícil de se mover e de respirar, foi bem assustador, eu só pensava no Astroworld", afirmou a jovem, em referência ao show do rapper Travis Scott que resultou na morte de dez pessoas por asfixia em novembro do ano passado.

O publicitário Luiz Citton, que viajou do Brasil à Espanha para assistir ao evento, disse "no primeiro dia a experiência do festival foi muito ruim, chegar aos bares era muito difícil, as filas demoravam mais de uma hora e havia pouquíssimos espaços de hidratação". "Um pouco dessa experiência ruim foi atenuada nos dias seguintes. No geral, a experiência lá dentro foi legal, mas ficou a impressão de que a organização estava um pouco fora de ritmo depois de tanto tempo sem realizar festivais desse tipo."

Em comunicados oficiais, a organização do Primavera Sound Barcelona afirmou ter mitigado o tamanho das filas e aumentado postos de distribuição de água depois do primeiro dia —medidas verificadas pela reportagem, ainda que seus efeitos tenham sido aquém do necessário.

Durante a semana, o festival continua com shows gratuitos e apresentações em casas conhecidas de Barcelona, como a Apolo, e mais três dias de evento estão programados para o próximo final de semana com shows de estrelas mundialmente renomadas como Dua Lipa e Megan Thee Stallion.

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