Depois de a Justiça cancelar, liberar e depois cancelar novamente um show de Gusttavo Lima alvo de investigação em Teolândia, na Bahia, a prefeitura da cidade ironizou a decisão nas redes sociais e disse que a apresentação iria acontecer.
A organização da Festa da Banana publicou que estava "mais fácil o mundo acabar do que o Gusttavo Lima não se apresentar" e orientou o público a chegar cedo ao local. A publicação foi feita no Instagram por volta das 17h30. Poucas horas depois, porém, ela foi excluída.
Em seguida, a prefeita de Teolândia anunciou que o evento tinha sido cancelado, em cumprimento à decisão que determinou sua suspensão. "Não resta outra alternativa, senão acatar a decisão judicial e suspender o evento", escreveu em nota. O show do sertanejo pago com um cachê de R$ 704 mil da prefeitura estava previsto para este domingo.
A atração foi cancelada primeiramente pela Justiça na última sexta-feira após um pedido do Ministério Público. No dia seguinte, foi autorizado pela Justiça, que acatou um pedido da prefeitura e, neste domingo, o Superior Tribunal de Justiça suspendeu a decisão.
Moradores de Teolândia protestaram contra o cancelamento do evento e interditaram o quilômetro 349 da BR-101, na sexta-feira, aos gritos de "sem festa, sem pista" e "queremos festa". A Polícia Rodoviária Federal foi acionada, e a pista foi liberada no mesmo dia.
A cidade de Teolândia enfrentou em dezembro duas enchentes que deixaram moradores desabrigados e destruiu estradas. À época, a prefeita Rosa Baitinga afirmou que não seria capaz de contornar a crise sozinha, pediu que os moradores enviassem um Pix para a conta da prefeitura e recebeu R$ 1,14 milhão do governo federal.
Ao todo, a Festa da Banana estava orçada em R$ 2,3 milhões, valor que corresponde a 40% do que o município destinou à saúde durante todo o ano de 2021, de acordo com o Ministério Público.
"Após o período pandêmico, as chuvas do final do ano e a crise financeira sem precedentes é preciso criar políticas públicas para fazer circular riquezas", afirmou a prefeita no comunicado. "A Festa da Banana não é uma despesa pública, mas um investimento no bem-estar, na cultura e como gerador de riquezas."
"Não é possível que o mesmo município que informou necessitar de ajuda e recursos para salvaguardar a sua população de catástrofe natural anuncie, em poucos meses, a contratação de artistas com cachês incompatíveis com as dimensões, arrecadações, necessidades de primeira monta e saúde financeira do município", escreveu Rita Cavalcanti, a promotora de Justiça que ajuizou a ação.
Em nota, Gusttavo Lima afirmou que "não pactua com ilegalidades" e que não é seu papel "fiscalizar as contas públicas". Hoje, 29 cidades pelo país têm shows investigados pelo Ministério Público —a maioria deles são de eventos do sertanejo, mas Xand Avião e Wesley Safadão também aparecem entre os cachês.
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