Descrição de chapéu Folhajus

Justiça condena Allan dos Santos a pena de prisão por vídeo sobre 'Queermuseu'

Blogueiro disse em 2017 que cineasta incentivava jovens a usar maconha; para defesa, crítica foi contra instituições

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Allan dos Santos, o blogueiro bolsonarista que já teve perfis nas redes sociais banidos pelo Supremo Tribunal Federal, foi condenado na última quarta-feira pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, o TJ-RS, a um ano e sete meses de prisão em regime inicial aberto após caluniar a cineasta Estella Renner, ligada à produtora Maria Farinha Filmes.

O crime aconteceu numa fala dele em um vídeo de 2017 no canal Terça Livre, quando comentava a polêmica exposição "Queermuseu - Cartografias da Diferença na Arte Brasileira", realizada em Porto Alegre pelo Santander Cultural, defendida por Renner.

O jornalista Allan Santos, do site Terça Livre, presta depoimento à CPMI das Fake News, no Senado Federal - Pedro Ladeira - 11.mai.19/Folhapress

Na ocasião, Allan dos Santos expôs o nome dela, acusou a diretora de querer "botar maconha na boca dos jovens", além de citar que artistas que apoiam a exposição eram favoráveis à pedofilia e à zoofilia. Ele cita ainda que a artista teria destruído "a família e a vida de nossas criancinhas".

A decisão tomada em segunda instância veio após Renner recorrer da decisão contra o blogueiro na instância inferior, que tinha absolvido Allan dos Santos dos crimes de difamação e calúnia. Dessa vez, o acórdão na 1ª Câmara Criminal foi feito por unanimidade. Nesse tipo de condenação, o jornalista poderia trabalhar durante o dia, mas à noite teria de ficar detido.

Contatada pela reportagem, a defesa do jornalista disse que o recurso de Renner partiu de "frases 'pinçadas' e descontextualizadas para imputar crimes contra a honra às críticas do jornalista", que já teria sido absolivdo duas vezes em primeira instância, e que as críticas no dito vídeo seriam direcionadas a diversas entidades, como a Fundação Santander Cultural —portanto, pessoas jurídicas, ressalta a defesa, e não seria uma crítica direcionada a Renner.

Nos autos do acórdão, porém, as aspas já citadas aparecem direcionadas a Renner, e também ao Instituto Alana, que tem uma parceria com o portal Catraca Livre —que, sublinha a defesa, já teria publicado diversas reportagens favoráveis ao uso de maconha.

Por outro lado, o problema com a cineasta seria devido a ela ter dirigido um documentário que defende a chamada "ideologia de gênero", na visão do condenado, uma "mera performance coletiva imposta pela sociedade".

Atualmente, Dos Santos mora nos Estados Unidos, e está foragido após o STF determinar a prisão preventiva do blogueiro na investigação que apura uma suposta organização criminosa para a produção de fake news contra ministros da Suprema Corte.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.