Tarsila do Amaral, tema do décimo volume da Coleção Folha Grandes Pintores, que leva o título "Ruptura e Modernidade", teve o primeiro contato com a arte num colégio interno na Espanha, mas só aos 30 anos começou sua formação artística no Brasil, inicialmente na pintura e depois na escultura.
Mais tarde, numa temporada parisiense, onde ingressou na Académie Julian e depois no ateliê de Émile Renard, a artista conheceu o cubismo e o futurismo, movimentos aos quais apresenta ter certa resistência. Ela viria a se tornar uma modernista, segundo a própria, apenas quando se juntou, em São Paulo, à trupe que ficaria conhecida como Grupo dos Cinco, reunindo Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Anita Malfatti e Menotti Del Picchia.
Foi com eles que Tarsila viajou para as cidades históricas de Minas Gerais e identificou as cores brasileiras que iriam mudar sua paleta a partir do "Manifesto Pau-Brasil", escrito por Oswald. "Sou profundamente brasileira e vou estudar o gosto e a arte dos nossos caipiras. Espero, no interior, aprender com os que ainda não foram corrompidos pelas academias", escreveu a pintora.
Quando realizou "Abaporu", em 1928, sua obra mais conhecida, ela pintou o que descreveu como uma "figura monstruosa de pés enormes plantados no chão" e percebeu, só depois, "que havia realizado imagens subconscientes, sugeridas por histórias que ouvia em criança". Essa tela, dada de presente para Oswald, é a gênese do movimento antropofágico.
Nesse período, Tarsila abandona o construtivismo para dar lugar ao inconsciente. Em suas obras, surgem figuras oníricas e monumentais dentro de paisagens mágicas, com uma paleta de cores que se intensificam cada vez mais.
Enquanto as paisagens da fase pau-brasil tinham elementos mais reconhecíveis, identificáveis na flora tropical, as pinturas da fase antropofágica, como se vê nas telas "Distância", de 1928, e "Sol Poente", de 1929, evocam elementos simbólicos e imaginários. De acordo com o historiador Carlos Riccioppo, Tarsila "ia cedendo lugar a uma pintura de intimidade", "voltada à meditação interior".
A coleção também aborda como o ano de 1930, no qual a artista pintou uma única tela, "Composição", foi marcante para sua trajetória. O golpe de Estado no Brasil, assim como a quebra da Bolsa de Nova York, culminaria com o fim de uma vivência entre a Europa, São Paulo e a fazenda, que precisou ser hipotecada, e marcaria também o término do casamento da pintora com Oswald.
Nessa época, Tarsila viajou para a União Soviética, onde conheceu o realismo socialista e participou de algumas reuniões de esquerda, sendo por isso presa por um mês. Foi influenciada pelo que viu e viveu na Rússia que ela realizou a pintura "Operários", de 1933, na qual, partindo de fotografias de pessoas desconhecidas, em sua maioria, tinha como intenção mostrar os diferentes perfis de imigrantes.
Trabalhos menos abordados, como os dois únicos murais que realizou na carreira, também aparecem na coleção. "Batizado de Macunaíma", de 1956, com uma intensa coloração que evoca o tropicalismo, difere de tudo que Tarsila fez em sua trajetória.
"Uma brasilidade oriunda de seu relacionamento com a terra, e que a tornou a primeira artista a refletir através de seu trabalho toda a magia do país", é como a crítica Aracy Amaral define sua obra.
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