O pintor francês Edgar Degas realizou cerca de 1.500 pastéis, pinturas, monotipias, gravuras e desenhos em torno das bailarinas. Nesse conjunto, no entanto, são raras as obras que ilustram movimentos de dança ou apresentações de espetáculos.
Isso porque a obra do artista, que é tema do oitavo volume da Coleção Folha Grandes Pintores, está centrada na espera dos bastidores e nos ensaios no foyer. Na tela "A Espera", de 1882, por exemplo, como o nome indica, uma jovem de tutu, visivelmente exausta, se inclina para massagear o tornozelo.
Nesta e em outras pinturas às quais se dedicou de 1870 até a sua morte, como "A Aula de Dança", de 1874, e "Bailarinas, Rosa e Verde", feita em torno do ano de 1890, Degas retrata ações como arrumar o cabelo, se alongar ou cuidar da lombar. Sua atenção aos detalhes é tanta que o filósofo Paul Valéry enfatizou o fato de o artista ser um dos raros que deram importância ao chão, com "pisos magníficos".
Apelidado de "o pintor das bailarinas", Degas chegou a declarar que os críticos não compreendiam que o mote era apenas pretexto para que ele pudesse pintar belos tecidos e expressar os movimentos.
Na trajetória do pintor, o mesmo pode ser dito sobre a representação das mulheres. Seus inúmeros quadros de figuras nuas que se lavam, se secam e se esfregam, se contorcendo em cenas quase acrobáticas, tinham como objetivo esgotar os gestos femininos a fim de produzir novas formas e composições.
Sua visão destoava de uma tradição voltada a temas elegantes, o que fez com que alguns pintores, entre eles Van Gogh, o criticassem. "A Bacia", de 1886, tela em que uma jovem agachada expressa certa "animalidade", entretanto, foi inspirada na escultura grega "Afrodite Agachada".
Segundo Degas, nenhuma arte era tão pouco espontânea como a dele, já que o que fazia era "resultado da reflexão e do estudo dos grandes mestres". Em sua busca obstinada pela ideia do movimento, ele considerava "preciso refazer dez vezes, cem vezes o mesmo tema".
A Coleção Folha também aponta para um certo mal-entendido na decisão de incluir o pintor no movimento impressionista, já que, mesmo nas cenas da vida parisiense, Degas estava mais preocupado com a expressão da linha e da cor do que com a luz exterior.
Seu trabalho se realizava em grande parte no ateliê, tanto que a famosa tela "O Absinto", feita entre 1875 e 1876, foi finalizada em estúdio e não no ambiente onde a modelo Ellen André e o pintor Marcellin Desboutin estão representados, o La Nouvelle Athènes.
Degas achava que o retrato deveria captar não só uma semelhança física, mas evocar um meio social. Para pintar o amigo Désiré Dihau, fagotista na Ópera de Paris, por exemplo, ele escolhe situar o homem no fosso da orquestra e organiza seu quadro entre a divisória que separa o público dos músicos, a aglomeração dos instrumentistas e o palco.
Quando começou a perder a visão, Degas renunciou gradualmente à pintura em favor do pastel. Em "Bailarinas de Azul", de 1898, realizada num período em que já não conseguia trabalhar nos detalhes, ele usa efeitos de cor e movimento que o encaminham para a abstração. O agravamento dos problemas de vista e a demolição de seu ateliê, em 1912, porém, fizeram com que o artista encerrasse suas atividades e se isolasse.
COMO COMPRAR
Telefone: (11) 3224-3090 (Grande São Paulo) e 0800 775 8080 (outras localidades)
Frete grátis SP, RJ, MG e PR (na compra da coleção completa)
Nas bancas por R$ 22,90 o volume
Coleção completa: R$ 687; lote avulso (com seis volumes): R$ 134,70
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.