Exibida pela Globo entre agosto de 1992 e março de 1993, a novela "De Corpo e Alma" ficou marcada por uma tragédia da vida real. Na noite de 28 de dezembro de 1992, a atriz Daniella Perez, que integrava o elenco e era filha da autora Gloria Perez, foi assassinada por um colega, Guilherme de Pádua, e pela mulher deste, Paula Thomaz.
A tragédia abalou o Brasil e ocupou grande espaço na mídia. Agora voltou a ficar em evidência, graças à minissérie documental "Pacto Brutal: o Assassinato de Daniella Perez", recém-lançada pela HBO Max.
A minissérie reavivou o interesse de parte do público por este crime escabroso. Diversas matérias surgiram na imprensa nos últimos dias, tanto sobre a breve carreira da vítima como sobre o destino de seus assassinos. Também eclodiu um debate sobre a decisão dos produtores de "Pacto Brutal" de não dar voz a Guilherme ou Paula no programa.
E há quem esteja curioso por "De Corpo e Alma", que sumiu de circulação depois de sua única exibição. Apesar de ter sido um sucesso de audiência, a novela nunca mais foi reprisada. Tampouco deu as caras no canal pago Viva, especializado em conteúdo antigo da Globo. Nem entrou no catálogo da plataforma Globoplay, que vem disponibilizando na íntegra várias novelas ditas "clássicas".
Não há uma razão oficial para este sumiço, mas diversas fontes apontam que a emissora atende a um pedido da autora da novela, Gloria Perez. Procurada, a assessoria de imprensa da emissora não confirmou nem desmentiu esta informação. Gloria Perez também não respondeu a um questionamento sobre o assunto.
Mas houve um momento em que a Globo pensou em colocar "De Corpo e Alma" novamente no ar. Em maio de 2000, a emissora solicitou ao Ministério da Justiça a liberação da novela para a faixa "Vale a Pena Ver de Novo", que vinha perdendo audiência para o SBT. Para ser reprisada à tarde, a trama precisava receber a classificação livre; até então, era recomendada para maiores de 12 anos, o que impedia sua exibição antes das 20 horas.
O Ministério da Justiça atendeu ao pedido e publicou a liberação no Diário Oficial de 24 de maio de 2000, mas exigiu que fossem feitos cortes na novela —uma prática normal, quando uma se trata de uma atração originalmente exibida no horário nobre. É o que vem acontecendo, por exemplo, com "A Favorita", atual atração da faixa "Vale a Pena Ver de Novo". Cenas consideradas impróprias para o horário são cortadas ou condensadas.
Mesmo com a liberação, a Globo acabou desistindo de reprisar "De Corpo e Alma". Em seu lugar, exibiu "A Próxima Vítima", de Sílvio de Abreu. Desde então, não houve mais planos de desengavetar a trama de Gloria Perez. No entanto, alguns trechos estão disponíveis no YouTube, postados por internautas sem a permissão da emissora.
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