Descrição de chapéu Obituário Gilberto Chateaubriand (1925 - 2022)

Morre Gilberto Chateaubriand, mecenas dono de 8.000 obras de arte

Filho de Assis Chateaubriand, ele estava em sua fazenda em São Paulo e foi notório conhecedor das artes plásticas

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São Paulo

O colecionador Gilberto Chateaubriand, dono de mais de 8.000 obras de arte e um dos principais mecenas do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, o MAM, morreu nesta quinta-feira, aos 97 anos, de causas naturais.

Ele se encontrava em sua fazenda no município de Porto Ferreira, em São Paulo, e deixa um filho único, Carlos Alberto Gouvêa Chateaubriand.

Gilberto Chateaubriand na inauguração da exposição 'Adriana Varejão: Histórias às Margens' no MAM - Zanone Fraissat/Folhapress

Nascido em Paris em 1925, Gilberto Francisco Renato Allard Chateaubriand Bandeira de Mello era filho da francesa Jeanne Paulette Marguerite Allard com Assis Chateaubriand, um dos maiores empresários das comunicações da história do Brasil, dono dos Diários Associados e fundador do Masp, em São Paulo.

Notório conhecedor das artes plásticas, seu acervo continha trabalhos dos maiores artistas brasileiros e virou livro há dez anos. Entre os nomes presentes no volume estavam Alberto da Veiga Guignard, Anita Malfatti, Maria Helena Vieira da Silva, José Pancetti e Iberê Camargo.

Vicente de Mello, fotógrafo que conheceu Chateaubriand nos anos 1990, comentou a personalidade do mecenas, de quem era próximo. "Gilberto tinha uma alma tão moderna e jovem que todo mundo interessava a ele. Ele tinha interesse no futuro", disse Mello, que ressaltou seu humor arrebatador. "Ele era um homem do modernismo."

Homem idoso sentado em poltrona na varanda de uma fazenda
O mecenas Gilberto Chateaubriand em sua fazenda, em fotografia de fevereiro de 2020 - Vicente de Mello/Instagram

O colecionador deixou sua marca na história do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, uma das principais instituições divulgadoras da arte moderna e contemporânea do Brasil. Em 1993, o museu incorporou, em regime de comodato, a coleção Gilberto Chateaubriand, que conta atualmente com cerca de 8.000 obras da arte brasileira moderna e contemporânea.

Outro museu com o qual Chateaubriand travou relações foi aquele que leva o nome de seu pai, o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, o Masp. Quando decidiu doar sua coleção ao MAM do Rio, Gilberto Chateaubriand disse à Folha que seu acervo "nunca poderia ir para o Masp, que sempre me passa certa inconfiabilidade".

Além de ter tido uma relação por momentos conturbada com seu pai, que o reconheceu apenas quando tinha 16 anos, o colecionador também tinha ressalvas com o diretor do museu paulistano, Pietro Maria Bardi.

A relação com a instituição cultural símbolo da avenida Paulista se amenizou, no entanto, em 1998, com a vinda da exposição "O Moderno e o Contemporâneo na Arte Brasileira", para a qual Chateaubriand cedeu parte de seu acervo.

O corpo de Gilberto Chateaubriand será encaminhado ao Rio de Janeiro nesta sexta-feira, onde será velado numa cerimônia com familiares e enterrado no jazigo da família no cemitério São João Batista.

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