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Política é assunto intocável na 'Turma da Mônica', diz Mauricio de Sousa

'Meus personagens são crianças, e criança não mexe com isso. A gente não faz ativismo', afirmou o cartunista

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São Paulo

Afastado da prancheta para supervisionar o trabalho dos 400 artistas que emprega, Mauricio de Sousa diz que o segredo para manter o sucesso da "Turma da Mônica" conservado é observar e copiar a realidade, simples assim, com cuidado para não ficar para trás, mas tampouco avançar o sinal.

É por isso, o desenhista afirma a este jornal, que ele prefere não se envolver com política nem deixar que discussões políticas façam parte de suas histórias. "Meus personagens são crianças, e criança não mexe com política. A gente não faz ativismo. Tenho que usar o velho recurso da borracha. ‘Apaga.’ Isso é intocável."

Retrato de Mauricio de Sousa, criador da 'Turma da Mônica', com pelúcias do personagem Horácio
Retrato de Mauricio de Sousa, criador da 'Turma da Mônica', com pelúcias do personagem Horácio - Eduardo Knapp/Folhapress

É uma estratégia adotada desde a ditadura militar, período em que presidiu a Associação dos Desenhistas de São Paulo, tida como comunista, e acabou banido dos jornais que compravam suas tirinhas por se envolver em articulações políticas contra o domínio das produções americanas, que saíam mais baratas para os veículos brasileiros à época.

Isso não significa que a "Turma da Mônica" tenha parado no tempo, diz Sousa, que planeja criar personagens gays, tem dado destaque aos com deficiência e garante que Milena, sua primeira personagem negra do sexo feminino, criada há cerca de cinco anos, terá o mesmo protagonismo de Mônica, Cebolinha, Magali e Cascão.

"O politicamente correto é uma das coisas chatas que existem. Às vezes, dou uma forçadinha, para não alterar totalmente a liberdade que precisamos ter numa cena de humor, mas também faço concessões."

"Antes, a Mônica colocava um tijolo dentro do Sansão para bater no Cebolinha. É impossível hoje. Até a fala do Chico Bento precisei mudar um pouquinho, porque as professoras não gostavam do ‘caipirês’. Eu sou sensível ao que pode magoar e não ser aceito pela família."

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