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'Thor: Amor e Trovão' tem Natalie Portman de volta e Valquíria que ama mulheres

Quarto filme do super-herói da Marvel, dirigido por Taika Waititi, vencedor do Oscar, ainda tem cena de Chris Hemsworth pelado

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Natalie Portman em detalhe do cartaz de "Thor: Amor e Trovão" Divulgação

São Paulo

Foi sem entender muito bem o porquê que fãs descobriram, em "Thor: Ragnarok", que o herói não queria mais saber da namorada Jane Foster. Claro que os motivos para o fim do romance não vinham de uma escolha narrativa –Natalie Portman simplesmente não parecia disposta a ficar presa à infinidade de filmes do Universo Cinematográfico Marvel.

Mas, se em "Vingadores: Ultimato" os montadores tiveram de recriar a personagem a partir de material que havia sobrado dos dois primeiros filmes de "Thor", agora ela faz um retorno triunfal à saga com "Thor: Amor e Trovão", que chega aos cinemas nesta semana.

Isso porque, de namoradinha do super-herói, ela passou a ser a grande heroína da trama. Não que o loirão musculoso vivido por Chris Hemsworth tenha perdido a importância, mas aqui os ex-amantes estão em pé de igualdade. Tudo graças ao diretor e roteirista Taika Waititi, que recebeu liberdade da Disney para fazer do filme o que quisesse, depois de tornar "Ragnarok" um sucesso.

Foi dessa maneira que ele convenceu Portman a voltar sob a promessa de que as mulheres estariam em evidência neste novo capítulo da saga. Ela e Tessa Thompson, intérprete da Valquíria, acabam protagonizando os grandes momentos de "Amor e Trovão", com a última se desdobrando em líder política, salvadora da humanidade e heroína romântica.

"A Valquíria, neste filme, está mais bem resolvida. Antes, não vou negar, foi difícil me ajustar às ideias do Taika, porque a personagem estava passando por um momento de luto, dor e raiva, sem espaço para o humor", diz Thompson.

Dos filmes anteriores, Valquíria herdou um reino de Asgard desolado, que precisou se fixar na Noruega depois que seu lar interplanetário foi destruído. Em "Amor e Trovão", ela é o rei da Nova Asgard, enquanto Thor está viajando pelo espaço com os Guardiões da Galáxia. Quando o fortão descobre que um novo vilão capaz de assassinar deuses –Gorr, vivido por Christian Bale– está causando uma matança, ele retorna à Terra.

Lá, no entanto, descobre que sua ex conseguiu reconstruir o Mjolnir, o lendário martelo que já foi responsável por conceder poderes a ele, e ela agora o empunha como super-heroína, a Poderosa Thor. Em seu primeiro reencontro, uma cena de ação frenética, os dois acham tempo para ter uma DR, e o público finalmente entende que o simples desgaste no relacionamento foi o que os afastou.

É numa cena digna de romances água com açúcar que vemos como Thor e Jane se afastaram, deixaram de priorizar um ao outro e, por fim, terminaram de repente –mas não sem calar seus sentimentos.

Dessa forma, "Amor e Trovão" acabou se transformando, ao menos parcialmente, numa comédia romântica, que recicla elementos excêntricos e de humor pastelão que Waititi tem espalhado por sua obra –há ecos que vão do vampiresco "O que Fazemos nas Sombras" a "Jojo Rabbit", com seus personagens bonachões e um sentimentalismo latente.

Para dar um ar de autenticidade à história, o cineasta ainda mergulhou em influências dos anos 1980 e 1990, da estética roqueira à trilha sonora, embalada por hits que vão de "Our Last Summer", do Abba, a "Paradise City" e "Sweet Child O’ Mine", do Guns N’ Roses.

"A imaginação do Taika mergulhou nesse clima oitentista, o que fez muito sentido para o estilo de direção dele, mas também para resgatar algo que eu acho que Hollywood perdeu. Quer dizer, nos anos 1980 e 1990, a indústria estava mais inclinada a fazer comédias românticas muito diretas, que exploravam intensamente a graça, a inocência e a dor de se apaixonar", diz Thompson.

Não é só o romance de Thor e Jane Foster que ganha terreno em "Amor e Trovão". A própria Valquíria, enfim, teve sua bissexualidade escancarada depois de Thompson muito advogar para que a heroína saísse do armário.

No novo longa, ela sofre pela morte de uma antiga namorada e diz estar em busca de uma nova companheira. Korg, personagem pedregoso que tem a voz do próprio Waititi, é outro que relembra uma história de amor com um homem.

"Eu me sinto incrível com isso. É uma causa pela qual eu tenho lutado e eu acho realmente animador que a gente possa ter esses filmes explorando esses espaços, porque isso gera um impacto enorme em muita gente", diz a atriz. "Antes, a sexualidade da Valquíria não tinha um espaço orgânico para aparecer, afinal, ela não é definida só por quem ama e como ama. Agora, essa parte dela se apresentou de forma natural."

Precisou de muita gente nas redes sociais compartilhando os comentários e teorias sobre a sexualidade de Valquíria para que a Disney percebesse que tornar os desejos de seu coração explícitos poderia ser uma boa ideia.

Desse jeito, Hemsworth foi dividindo a importância em "Amor e Trovão", diante de um maior protagonismo feminino. Sua grande cena, ironicamente, é mais uma graça do roteiro do que algo que muda os rumos da história.

Preocupado com a série de homicídios divinos que Gorr tem cometido, Thor vai a uma assembleia na qual deuses de todo o tipo de mitologia e religião se reúnem. É com pompa e muito narcisismo que Russell Crowe aparece como Zeus, o todo-poderoso da Grécia Antiga, fazendo malabarismos com seus raios e flertando com um harém de belas mulheres ao seu redor.

Chris Hemsworth em cena de "Thor: Amor e Trovão"
Chris Hemsworth em cena de "Thor: Amor e Trovão" - Divulgação

Ele não liga para o que o deus da mitologia nórdica tem a dizer e, num acesso de raiva, tira todas as roupas do personagem. Thor, então, dá ao público a primeira cena de nudez do Universo Cinematográfico Marvel.

Com os braços grossos e esculturais presos por correntes cintilantes, ele encara Zeus de forma desafiadora e arranca suspiros das moças e moços que adulam o grego. Os cabelos longos e loiros terminam numa série de tatuagens, que por sua vez guiam os olhos às nádegas redondas do grande Thor. Claro, não é uma cena de nudez frontal, afinal, este ainda é um filme da Disney.

"Mas foi ótimo. Ótimo de ver pessoalmente, ótimo de ver na tela. Eu não tenho reclamações", brinca Thompson, ao falar sobre como foi gravar a cena. "Eu batalho muito para termos mais nudez masculina nas telas, essa também é uma forma de representatividade que precisamos ver mais."

Thor: Amor e Trovão

  • Quando Estreia nesta quinta (7), nos cinemas
  • Elenco Chris Hemsworth, Natalie Portman e Tessa Thompson
  • Produção EUA/Austrália, 2022
  • Direção Taika Waititi
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