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Filme sobre Eike Batista se sai bem ao mostrar carisma do empresário

Longa é didático e agradável ao expor a história da ascensão e da queda daquele que já foi um homens mais ricos do mundo

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Eike - Tudo ou Nada

  • Quando Estreia nesta quinta (22) nos cinemas
  • Classificação 12 anos
  • Elenco Nelson Freitas, Carol Castro e Thelmo Fernandes
  • Produção Brasil, 2022
  • Direção Andradina Azevedo e Dida Andrade

É difícil ficar indiferente diante de "Eike - Tudo ou Nada". O longa narra a história de Eike Batista, empresário da área de mineração que rapidamente foi alçado para a lista dos dez homens mais ricos do mundo —para em seguida perder quase tudo.

A maneira de comandar o grupo EBX, com reflexos próximos aos de um jogador de pôquer, e as peculiaridades do dia a dia, como o costume de brindar com leite e não com bebidas alcoólicas, já fazem do protagonista um grande personagem.

Cena do filme 'Eike - Tudo ou Nada' - Divulgação

De posse de tamanho trunfo e com clareza na estrutura narrativa, o filme maneja o suspense e conta de maneira saborosa a narrativa de ascensão e queda de Eike Batista. Não se trata de um filme estilisticamente inovador. Tampouco se deve esperar atuações impressionantes. Estamos, sim, diante de uma história rica em informações e muito bem contada.

O filme se inspira no livro-reportagem de Malu Gaspar, que era chefe da sucursal carioca da revista Exame à época em que a fortuna do empresário cresceu vertiginosamente, até somar, há dez anos, mais de US$ 30 bilhões. A jornalista também acompanhou a derrocada de seus negócios ao longo dos anos seguintes, culminando em sua prisão cinco anos atrás.

O recorte que a dupla de diretores e roteiristas Andradina Azevedo e Dida Andrade deram à biografia de Eike privilegia os aspectos econômicos de sua trajetória. A trama dá pouco destaque, por exemplo, a seu casamento com a atriz e modelo Luma de Oliveira.

O enredo resiste, assim, à tentação de reconstituir o desfile da Tradição no sambódromo, em 1998 —quem não se lembra do nome dele grafado na coleira com que ela desfilava? O filme também não perde tempo em mostrar corridas de iate, festas e o luxo em que vivia o protagonista.

Todo o esforço narrativo se concentra na nada óbvia tarefa de tornar compreensível e, mais importante, agradável a história dos negócios de Eike Batista, do sucesso na abertura do capital de sua mineradora à decisão de investir na exploração de petróleo.

Por incrível que pareça, o filme consegue explicar como o empresário e seu séquito —conhecido como "guarda pretoriana"— surfaram após a descoberta do pré-sal, adquirindo jazidas e especulando sobre sua capacidade de produção. Ajudam, nesse ponto, recursos jornalísticos como infográficos inscritos sobre a imagem. É um caso em que o registro televisivo é explorado de maneira proveitosa.

Interpretado por Nelson Freitas, o Eike Batista do cinema tem contornos cômicos e um carisma irresistível. Intrigado e cativado pelo discurso sedutor de um empresário tão singular, o espectador consegue entender os investidores de pequeno porte que acreditaram no empresário e adquiriram ações do grupo, quebrando a cara quando o empresário começou a perder seus poderes de Midas.

Para o público, é uma lição de capitalismo especulativo. E o prazer de uma narrativa alicerçada na bem apurada reportagem que dá origem ao filme.

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