Descrição de chapéu Rock in Rio

Justin Bieber no Rock in Rio alucina fãs com 'Justice', hits antigos e mensagem cristã

Canadense sustentou show marcado por sua fase madura, com vídeos motivacionais e um longo bis instrumental

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Rio de Janeiro

Para alívio dos fãs, apreensivos com os rumores de cancelamento de seu show, Justin Bieber fez sua estreia no Rock in Rio ao fim da noite deste domingo. Às 23h, abriu sua apresentação com "Somebody", do álbum "Justice", seu último trabalho, com o qual teve oito indicações ao Grammy.

Show de Justin Bieber no Rock in Rio neste domingo - Multishow/Divulgação

No palco, a canção —dançante declaração de amor com ares de autoajuda— teve o impacto amplificado pelas imagens que a precederam no telão —um vídeo com legendas em português no qual ele viaja entre florestas e estrelas, com uma narração que faz referências a Jesus e a expressões como "jornada". Os "beliebers", como são chamados os entusiasmados fãs do cantor, se derreteram em gritos.

Na sequência, ele emendou "Hold On" e "Deserve You", ambas de "Justice". Seu disco mais recente, que combina versos de relacionamentos e autoconhecimento com intenções políticas e ativistas, se anunciou assim como a base do repertório do show deste domingo, como tem sido ao longo de sua turnê "Justice World Tour".

"Justice", o disco, consolida a chamada "fase madura" da carreira do artista, hoje com 28 anos, que explodiu para o mundo quando adolescente, época em que lançou "Baby", de 2010.

O megahit, aliás, encerrou o set oficial, antes da volta para o bis, incendiando a plateia. Outras canções antigas marcaram presença no roteiro, como "What Do You Mean?" e "Sorry", ambas de 2015.

Esta última, bagaceiramente latinizada, foi saudada pelos "beliebers", que a cantaram em coro, assim como fizeram em muitos outros momentos, como na leitura acústica de "Love Yourself", no qual ele foi acompanhado apenas ao violão.

Bieber subiu ao palco de touca rosa e casaco branco que tirou com menos de 20 minutos de show, revelando o tronco tatuado, em "Where Are Ü Now". Os gritos foram mais altos do que os ouvidos um minuto antes, quando foi agitada no palco uma bandeira do Brasil.

O momento sintetiza os aspectos visuais do show —exuberante, apesar de não especialmente criativo e, algumas vezes, beirando certo mau gosto new age, como em "As I Am". Em geral, o telão trazia diferentes configurações de paisagens inóspitas, astros, clipes, grafismos aleatórios e ilustrações literais, como cruzes em "Holy" e guloseimas em "Yummy".

Em outro vídeo apresentado no meio do show, Bieber fala para a câmera sobre a grandeza de Deus e a dificuldade de encontrar paz. A mensagem se afina exatamente à sua "fase madura", de canções de amor e crescimento tratadas com um filtro de angústia juvenil.

Funciona para seu público, que por mais de uma vez cantou o coro de "Justin, eu te amo", num dos raros shows em que não foi ouvido o já tradicional xingamento contra o presidente Jair Bolsonaro, do Partido Liberal.

As longas pausas entre as músicas na primeira parte do show fizeram surgir na plateia algumas piadas sobre a apresentação ter chegado ao fim. "Acabou?", perguntavam os fãs, brincando com a informação de que o artista teria pedido para encurtar o show.

O longo bis instrumental, no qual Bieber tocou piano, fez uma pequena parcela da plateia ir embora. Os que ficaram foram premiados com "Peaches", com o cantor ainda ao piano na primeira parte, e "Anyone", ambas canções de "Justice".

No balanço final, o pop consistente, ainda que genérico em sua apreensão da tradição negra do rap e R&B, além dos hits acumulados ao longo de mais de uma década de carreira, justificaram a escalação do cantor como headliner e a expectativa em torno do público.

O público, em geral, era mais jovem do que Bieber, apesar do legítimo saudosismo pré-balzaquiano que o artista desperta e que se reflete junto aos fãs mais velhos. Pop é (também) isso.

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