Descrição de chapéu Gal Costa

Gal Costa é velada com Janja e Sophie Charlotte aos prantos e tensão política

Familiares e amigos se despedem da cantora, morta aos 77 anos, em velório na Assembleia Legislativa de São Paulo

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São Paulo

Posto sobre um longo tapete vermelho repleto de flores e cartazes, o corpo de Gal Costa, morta aos 77 anos, foi velado nesta sexta-feira, na Assembleia Legislativa de São Paulo, a Alesp, numa cerimônia aberta ao público, que aconteceu das 9h às 15h, num clima de emoção contagiante.

Gal Costa é velada na Alesp, na capital paulista
Gal Costa é velada na Alesp, na capital paulista - Danilo Verpa/Folhapress

Muito choro, abraço apertado, sinal da cruz e beijos direcionados à chamada musa do tropicalismo foram vistos entre aqueles que se despediram da cantora.

Os fãs ficaram atrás de uma grade, enquanto familiares e amigos tiveram acesso direto ao caixão.

Um dos momentos mais emocionantes foi quando um grupo de fãs surgiu cantando "Força Estranha". O verso "essa voz tamanha" ganhou ênfase, com braços que apontaram para a cantora. Ao fim do coro, uma salva de palmas invadiu o hall.

De óculos escuros e vestida de branco dos pés à cabeça, Sophie Charlotte, atriz que encarnou a baiana no filme "Meu Nome é Gal", previsto pra lançar no próximo ano, chegou aos prantos e conversou com os parentes da artista.

Bela Gil, filha de Gilberto, chegou acompanhada de Janja, a nova primeira-dama. As duas se abraçaram diante do corpo, choraram e trocaram palavras que pareceram ser sobre a grandiosidade da cantora. Moreno Veloso, filho de Caetano —que, assim como Gil, encabeçou a tropicalismo ao lado de Gal— também foi à cerimônia.

O velório ainda contou com a presença de nomes como o da atriz Lúcia Veríssimo —ex-companheira de Gal—, do cantor Silva —com quem ela gravou "Só Louco"—, da cantora Zélia Duncan, da artista Maria Gadú, do apresentador de TV Serginho Groisman, e do deputado estadual Eduardo Suplicy, do PT.

Próximo ao hall monumental onde Gal foi velada, há um acampamento de manifestantes que não aceitam a derrota de Jair Bolsonaro nas eleições e pedem intervenção das Forças Armadas. O grupo está concentrado na avenida Sargento Mario Kozel Filho, entre o prédio da Alesp e as instalações do Comando Militar do Sudeste.

Como Gal foi apoiadora de Lula, do PT, parlamentares da Alesp temeram confusões entre golpistas e fãs da cantora. Na quarta, a bancada de deputados estaduais do PT enviou um ofício ao general João Camilo Pires de Campos, secretário estadual de Segurança Pública, solicitando que a Polícia Militar retirasse o grupo do local.

Ainda que o pedido não tenha sido atendido, o policiamento da região foi reforçado. Diferentemente do velório do Rolando Boldrin, nesta quinta-feira, tiveram vários policiais espalhados dentro e fora do hall. Outra diferença em relação ao velório do apresentador é que este quase não contou com pessoas vestidas de verde e amarelo.

Entre as várias coroas de flores que estavam pelo hall, algumas traziam assinaturas famosas, como a de Jorge Ben Jor, Angélica e Luciano Huck.

Único fã a ficar na área reservada aos familiares e amigos, o produtor de moda Franklin Tavares fez uma homenagem à cantora através de seu look. Com máscara facial, bolsa, camisa, terno, calça e até sapatos estampados com o rosto de Gal, ele veio de Fortaleza.

"Eu queria ver com meus próprios olhos. Tocar [o corpo] para ver se era verdade", diz ele, em referência a morte da ídola, da qual afirma ser fã há 50 anos. "O que os olhos não veem, o coração não sente. Meu coração não quer sentir, mas meus olhos viram", completou com a voz embargada.

Tavares conta que teve a oportunidade de conversar com Gal diversas vezes, mas a mais marcante foi quando a artista lhe convidou ao palco, num show em agosto, em Natal.

É desse show, afirma o estilista, que surgiu o figurino. Para celebrar o próprio aniversário, Tavares quis ir à apresentação, mas ao saber que os ingressos estavam esgotados, entrou em contato com a cantora, que não só permitiu sua entrada, como também falou que o convidaria para o palco. Foi preciso, então, pensar bem na roupa que vestiria.

Ele diz que demorou cerca de uma semana até confeccionar todas as peças, que exibem a maioria das capas da discografia da cantora. Encantada com a homenagem, Gal postou, na época, uma foto de Tavares nas redes.

"Quando Deus criou a voz, ele chamou Gal e deu o dom a ela. Os anjos ficaram em pé aplaudindo", diz, com lágrimas no rosto. "A voz dela é única. Sempre disse que Gal não é ‘a minha diva’, mas sim uma divindade."

Dando fim à cerimônia, um padre leu trechos da Bíblia, rezou o "Pai Nosso" e abraçou algumas pessoas próximas ao caixão.

"Gal vive", gritou um homem, logo em seguida, provocando uma salva de aplausos .

O velório começou sob um sol escaldante e encerrou com nuvens cinzas e chuvosas. O sepultamento do corpo está marcado para às 16h e é restrito a familiares e amigos próximos. A artista deixa seu filho, Gabriel, e sua mulher e empresária, Wilma Petrillo.

Dona da voz que eternizou "Divino Maravilhoso", Gal morreu na quarta, de causas não reveladas, e causou comoção de norte a sul do país, deixando o legado de alguém que protagonizou a contracultura brasileira e se tornou uma das maiores cantoras da história.

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