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'Pânico 6' troca 'final girl' clássica por Wandinha e traz Depp x Heard à tona

Com Jenna Ortega e Melissa Barrera, filme promove diversas mudanças na franquia mas mantém sua coesão

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Pânico 6

  • Quando Estreia na quinta (9) nos cinemas
  • Classificação 14 anos
  • Elenco Courteney Cox Jenna Ortega, Melissa Barrera
  • Produção EUA, 2023
  • Direção Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett

Se "Pânico", de 2022, tinha a tarefa ingrata de ressuscitar a franquia de Wes Craven após a morte do cultuado diretor, o novo "Pânico 6" –que, só para confundir os espectadores, retoma a contagem em relação ao total de produções– tem de se virar sem Sidney Prescott, "final girl" interpretada por Neve Campbell.

Heather Langenkamp, a Nancy de "A Hora do Pesadelo", não está em todas as sequências do clássico de terror que definiu a carreira de Craven na década de 1980, mas Sidney sempre foi o fio condutor do pós-moderno "Pânico", já que os assassinos são lunáticos diferentes usando a mesma fantasia fantasmagórica do original.

Melissa Barrera e Jenna Ortega em cena do filme 'Pânico 6', de Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett
Melissa Barrera e Jenna Ortega em cena do filme 'Pânico 6', de Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett - Divulgação

Campbell se despediu do papel por achar que o salário oferecido para participar da sexta continuação não era condizente com o valor que ela agregou à franquia iniciada em 1996. Declarou também que a oferta seria muito maior caso fosse um homem encabeçando cinco títulos de sucesso durante 25 anos —o que é verdade.

Para mérito de comparação, a Paramount pagou para o filme um anúncio de um minuto durante o Super Bowl, custando algo em torno dos US$ 14 milhões, ou R$ 72 milhões. Campbell, por sua vez, que também estrelou a série "O Quinteto" e o filme "Jovens Bruxas", tem um patrimônio estimado de US$ 10 milhões, cerca de R$ 52 milhões, cifra pequena perto dos US$ 740 milhões, cerca de R$ 3,8 bilhões, que os sustos renderam na bilheteria.

Fora a ausência de Sidney, outras mudanças podem irritar os puristas. O vilão Ghostface, que sempre preferiu lâminas afiadas, quebra a tradição e usa uma espingarda em determinada cena. É também a primeira vez que a ação se passa em Nova York e o primeiro da série a ter sessões com 3D. Mesmo com as mudanças, a Paramount projeta uma estreia recorde de US$ 35 milhões, cerca de R$ 181 milhões.

Em "Pânico 6", os sobreviventes Sam, Tara, Mindy e Chad –papéis de Melissa Barrera, Jenna Ortega, Jasmin Savoy Brown e Mason Gooding— deixam Woodsboro e tentam recomeçar em Manhattan. Dentre os personagens originais, a única a retornar é Gale Weathers, repórter vivida por Courtney Cox. Hayden Panettiere, a carismática Kirby que parecia ter morrido em "Pânico 4", ressurge das cinzas.

Dirigido por Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett, mesma dupla do anterior, "Pânico 6" é o mais longo de todos. São 123 minutos para acomodar vários personagens novos, ainda que alguns apareçam apenas para morrer pouco depois.

Jenna Ortega, que acaba de estourar com "Wandinha", disse em entrevistas que o sumiço de Sidney passaria batido e que os fãs ficariam distraídos com toda a ação e sanguinolência.

Não é bem assim. Há uma breve explicação de que Sidney está com a família em um lugar seguro porque ela mereceria um final feliz —o que soa um pouco hipócrita frente às negociações desastradas com Campbell. De toda forma, "Pânico 6" deixa claro que a fila andou e que as novas heroínas da franquia são Sam e Tara.

Melissa Barrera foi muito criticada pela atuação engessada no filme de 2022, mas já está mais à vontade no papel da filha do assassino Billy Loomis. Ortega, que também estrelou outros filmes de terror, como "X – A Marca da Morte" e "Sobrenatural: Capítulo 2", consolida a fama de jovem rainha do grito —fama que só deve crescer com a confirmação de "Pânico 7".

Há referências ao gênero do terror, mas inseridas como uma televisão ligada ao fundo passando "Vampiros de Almas" ou figurantes vestidos com fantasias de Halloween no metrô de Nova York. O novo Ghostface, no entanto, diz que não se importa com filmes. Não são cinéfilos ou usuários do Reddit que estão perseguindo as irmãs.

"Pânico 6" é mais dinâmico que o seu antecessor e tem boas cenas, mas desvia a mira do fandom tóxico para outro fenômeno intensificado pelas redes sociais —a culpabilização da vítima. Após o massacre de Woodsboro, uma conspiração se espalha na internet afirmando que foi Sam quem orquestrou tudo e jogou a culpa no namorado.

É, sem dúvida, um comentário relacionado ao embate legal entre Amber Heard e Johnny Depp, que já vem servindo de modelo para outros abusadores. O músico Marilyn Manson está trilhando o mesmo caminho contra a atriz Evan Rachel Wood e, no ano passado, apoiadores de Brad Pitt publicaram várias notinhas no intuito de derrubar a credibilidade de Angelina Jolie.

O comentário pode escapar um pouco da metalinguagem que a franquia propõe, mas já que a motivação dos antagonistas originais de "Pânico" é fundamentada em pura misoginia —Billy Loomis, afinal, vestiu a máscara branca porque a mãe de Sidney teve um caso com seu pai—, "Pânico 6" mantém a coesão, apesar das várias mudanças.

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