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Novo 'Pantanal'? 'Terra e Paixão' aposta na nostalgia, com cenário rural e sertanejo

Nova novela das nove da Globo, que sucederá 'Travessia', aposta em elementos que já alavancaram outras histórias

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Rio de Janeiro

Depois de amargar o fracasso de "Travessia", que teve dias com a pior audiência da história para uma novela das nove, a Globo aposta alto na nostalgia em "Terra e Paixão", folhetim de Walcyr Carrasco que vai suceder o de Gloria Perez no início de maio.

É uma estratégia para tentar reconduzir o horário mais nobre de sua grade de programação ao sucesso de "Pantanal". A novela fidelizou o público de maneira que não se via desde "Avenida Brasil", não só na televisão, mas também nas redes sociais, onde viralizou com memes e figurinhas de WhatsApp.

Cauã Reymond e Johny Massaro no set de 'Terra e Paixão', a nova novela das nove
Cauã Reymond e Johny Massaro no set de 'Terra e Paixão', a nova novela das nove - João Miguel Júnior/Divulgação

"Terra e Paixão" acompanha a trajetória de Aline, interpretada por Bárbara Reis. Ela é uma professora de matemática que precisa aprender a cuidar da pequena fazenda da família depois que o marido é assassinado a mando dos personagens de Tony Ramos e Gloria Pires, Antônio e Irene La Selva.

O saudosismo está na raiz da trama, que se passa no ambiente rural, em Mato Grosso do Sul, assim como "Pantanal". O cenário, na avaliação dos produtores, pode cativar o público, por gerar identificação e representar uma oportunidade de escapismo dos conflitos urbanos.

Isso porque 15,28% da população brasileira —isto é, quase 33 milhões de pessoas— vivem em áreas rurais. Outra parte considerável dela, vinda do êxodo rural das décadas de 1960 a 1980, hoje com idade entre 40 e 60 anos, tem forte conexão afetiva com o campo.

A nostalgia também está na trilha sonora do folhetim, que teve seu primeiro trailer exibido na noite de terça-feira, dia 11, no intervalo de "Travessia". Com cerca de dois minutos, o vídeo exibe cenas que destacam a terra vermelha e o sol a perder de vista na linha do horizonte ao som de "Sinônimos".

Se o objetivo era fisgar o público com lembranças do passado, não poderia haver escolha melhor. Gravada em 2004, "Sinônimos" é uma das canções mais memoráveis do cancioneiro sertanejo, eternizada nas vozes de Zé Ramalho e Chitãozinho e Xororó, dupla que protagonizou a popularização do gênero na década de 1980.

Ainda que seja uma decisão incontornável para uma história ambientada no campo, a trilha sonora também pode seduzir os espectadores. Isso porque o sertanejo é a música mais ouvida no Brasil. No ano passado, oito das dez canções mais tocadas no streaming são desse gênero, de artistas como Marília Mendonça e Gusttavo Lima, além de Jorge e Mateus, que terão composições suas na novela.

O sertanejo, aliás, atinge todas as faixas de público, inclusive aquela que é mais afastada da televisão, os jovens, que têm o gênero como seu preferido, de acordo com uma pesquisa do Datafolha feita no ano passado. É uma preferência unânime, sem distinção de fatores como classe social e espectro político.

Abusar da nostalgia é uma das estratégias que mais são usadas pelos estúdios hoje, com remakes e reboots que se espalham pelos pilares da cultura pop, do cinema à literatura. Embora não agrade a crítica, costuma funcionar comercialmente. Resta saber se será suficiente para fazer o público que fugiu da TV com "Travessia" recuperar o hábito de ver novela.

O repórter viajou a convite da TV Globo

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