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Marcius Melhem diz ter vídeos contra Dani Calabresa que provam a sua inocência

OUTRO LADO: Defesa da atriz diz que humorista segue tentando intimidar e silenciar mulheres que o acusam de assédio sexual

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Rio de Janeiro

O humorista Marcius Melhem ameaça expor Dani Calabresa e o grupo de atrizes que o acusam de assédio de todas as formas possíveis até provar sua inocência.

Em entrevista à Folha, ele diz que sua arena não será apenas a Justiça, mas as redes sociais e a imprensa, na esperança de que mensagens, vídeos e áudios de cunho sexual que trocava com as mulheres convençam o público de que as relações eram consensuais.

O humorista Marcius Melhem
O humorista Marcius Melhem - Eduardo Anizelli/Folhapress

Em seu arsenal, há imagens de duas atrizes fazendo massagem em seu peito. A ofensiva é uma resposta direta às entrevistas que as atrizes deram nos últimos meses para, em suas palavras, moldar a opinião pública, indo até a Brasília para conversar com a primeira-dama, Janja, e a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, que ele diz acreditar terem sido enganadas.

"Eu fui exposto, humilhado, tive a minha vida destruída, minhas filhas sofrem bullying, choram e estão na psicóloga até hoje por causa disso."

Ex-diretor do núcleo de humor da TV Globo, Melhem diz que as atrizes só o acusaram de assédio por não terem conseguido trocas de favores. Ele diz que errou ao trair sua ex-mulher e não impor barreiras de intimidade no trabalho, mas argumenta que isso não faz dele um criminoso porque havia consentimento.

Os advogados das acusadoras enviaram uma nota à reportagem com a condição de que o texto fosse publicado na íntegra.

"O caso Marcius Melhem reúne quase duas dezenas de pessoas, homens e mulheres, entre vítimas e testemunhas, e será um grande exemplo da resposta que a Justiça pode dar à sociedade em casos de assédio sexual. As tentativas de intimidação e silenciamento por parte de Melhem são recorrentes", diz a nota.

"Novamente, a postura dele reflete rigorosamente quem ele é e como age. Com extrema ousadia, ele tenta questionar que as mulheres se reúnam para debater uma pauta nacional extremamente relevante: a necessidade urgente de um novo marco normativo para o enfrentamento do assédio sexual no trabalho. Ele confunde pressão política com exercício de cidadania por parte das mulheres."

O senhor chama as acusadoras e as testemunhas de 'mitômanas'. Não pode soar ofensivo? Sempre que for atacado publicamente, me defenderei publicamente. Se sou contundente é porque é revoltante o que estou passando. Como procuro me comunicar da maneira mais verdadeira possível, podem escapar expressões ou adjetivos, mas é o que estou sentindo.

Mas era necessária a revelação de mensagens de cunho sexual? Para me defender, vou usar tudo que tenho de prova. Se essas provas expõem pessoas, não posso fazer nada, ainda mais quando essas pessoas é que vão se expor.

A revelação de mensagens que provavelmente estejam dentro do processo, que é protegido por sigilo, não pode ser considerado uma afronta ou sinal de desconfiança em relação à Justiça? Não. Confio no Judiciário, tanto que foi eu que procurei o Judiciário e não vou a Brasília de gabinete em gabinete. Uma coisa é vazar os autos do processo. Outra são mensagens trocadas entre mim e essas pessoas que tenho que mostrar para me defender. Isso é contemplado pela lei.

Em São Paulo, consegui que a Justiça reconhecesse meu direito de ter mostrado mensagens de Dani. Ela, através da sua advogada, e depois ela mesma, falaram de mim publicamente. Me acusam publicamente, me defendo publicamente. Vai ser assim até o fim. Não vou abrir mão de minha defesa.

Como o senhor reage à afirmação da Dani Calabresa de que a revelação das mensagens é uma tentativa de intimidação das vítimas? Dani Calabresa tem muito a temer pelas mensagens. Entendo que ela fique desconfortável. Por mim, ela mostra as dela, eu mostro as minhas, e a sociedade julga. Não só mensagens. Estou falando de outras evidências e provas de que elas mentem.

Por que ela tem medo? Quando ela diz que tomei o celular da mão dela para ver os nudes dela, e eu mostro uma mensagem que ela diz "mostrei sem você pedir", desconstrói a versão [dela].

O senhor se diz alvo de uma farsa. A troco de quê? Este pequeno grupo, com suas motivações pessoais, se juntou para me tirar do caminho e terem seus ganhos pessoais ali. Cada uma com sua motivação. Uma é profissional. A outra é passional. A outra é vingança mesmo.

O senhor diz que elas tiveram seus interesses contrariados. É sempre a que não conseguiu ir para o programa que queria, a que queria ter um relacionamento comigo e não teve. Todas elas. Parece muito, mas são sete. Esta é uma coisa que deveria ser investigada, aliás. Por que uma pessoa saiu?

Não foi exatamente a que disse que não sabia se estava na condição de testemunha ou acusadora? Não. Esta continua. Essa é a Débora Lamm, que não sabia se era vítima ou testemunha. Ela entrou para fazer número. Aliás, elas fazem números. Se for pegar as notas deles, eram 13, 12, mais de uma dezena. Nunca foram. Sempre foram oito. Agora, são sete.

E no caso de outra mulher que desistiu da acusação, Suzana Pires. O que que aconteceu? Suzana que tem que responder, mas claramente ela não tinha nenhuma acusação de assédio sexual contra mim. O que saiu na imprensa é que ela se sentiu enganada. Achou que era testemunha e estava arrolada como vítima para fazer número. É um escândalo.

Essas revelações [de mensagens] não são uma amostra de que o senhor teme ser condenado e busca respaldo na opinião pública? Não. Quem buscou a Justiça fui eu. É óbvio que, quando você busca a Justiça, não tem como ter certeza do resultado. Mas continuo com confiança inabalável na Justiça. Preciso me defender na opinião pública porque foi o palco que eles escolheram. Se precisar montar uma banquinha na rua do Ouvidor, subir num caixote e falar para todo mundo, a sociedade tem direito de saber.

Eu fui exposto, humilhado. Tive a minha vida destruída, minhas filhas sofrem bullying, choram e estão na psicóloga até hoje por causa disso. Elas levaram para este palco. E levaram ao extremo.

O que o senhor acha da acolhida delas pela primeira-dama e pela ministra das Mulheres? Acho inadequado que autoridades recebam supostas vítimas de um caso em que eu não sou nem réu, então um caso inconclusivo, ainda mais vindo de um governo que reclamou durante muito tempo do amplo direito de defesa, da paridade de armas, da presunção da inocência. Ainda assim, acho que as autoridades foram enganadas. Não coloco a culpa nas autoridades.

O senhor acha que a primeira-dama foi enganada? Acho que a primeira-dama, a ministra das Mulheres, a OAB, quem recebeu elas lá, não estão por dentro dos detalhes que correm em segredo de Justiça. Foi feito um lobby para elas irem a Brasília. Essas mulheres têm uma estrutura profissional muito grande, com grandes escritórios, equipe de marketing, gerenciadores de vídeo. Quem conseguiu essas visitas? Quem bateu naquelas portas?

O senhor já se referiu a elas como turma da Gávea. Por quê? República da Gávea. São feministas do shopping da Gávea, porque estão tentando atrelar o caso à causa [feminista]. Como a opinião pública acordou e a Justiça está sendo confrontada com provas, contradições e mudanças de narrativa, elas paralisam o caso na Justiça do Rio de Janeiro e tentam um engajamento na opinião pública.

Elas citam algumas cenas, como serem recebidas de cueca. O senhor não se valeu do ambiente e foi um pouco além? Nunca me vali do ambiente nem do cargo para nada. Uma das coisas que configuram assédio sexual é usar o seu cargo como moeda de troca. Não tem nenhuma prova, porque não aconteceu, de que eu tenha trocado qualquer benesse por favores sexuais, tanto que só me acusam pessoas que não levaram o que queriam.

O senhor já reclamou publicamente da morosidade da Justiça. A morosidade da Justiça é provocada por elas. Quando eu não for condenado, vai vir o discurso de que a Justiça é lenta e de que escapei por uma manobra jurídica.

O senhor já falou que cometeu erros e excessos, mas não é criminoso. A que excessos se refere? Acho que abri um flanco para cair nesta arapuca que foi ter intimidade excessiva, não colocar barreiras e me relacionar com pessoas do trabalho. Isso para falar do ponto de vista profissional. Agora, como homem, meu grande erro foi ter traído a minha mulher.

Precisava mostrar vídeos de massagem, foto de Dani Calabresa enganchada ao seu corpo? Claro, porque elas me acusam de ter um acesso indesejado ao corpo delas. Tenho que mostrar que elas tinham acesso ao meu corpo. Isso serve para demonstrar a intimidade de toque que a gente tinha, que não era uma falta de respeito, era algo brincalhão, de quinta série. Nunca agarrei Dani Calabresa pelos corredores nem nenhuma dessas atrizes. Agora, elas tinham acesso ao meu corpo. Tem vídeos que ainda nem mostrei. Tem vídeos de Georgiana [Góes] e Verônica [Debom] fazendo massagem no meu peito, brincando para a câmera. Ainda não mostrei.

Mas vai mostrar? Porque tenho que mostrar que essas pessoas mentem, senão você olha os vídeos delas e parecem freiras carmelitas que estavam num convento e de repente entrou um tarado e começou a traçar elas. Conta a verdade, pô. Conta que você me abraçava, que tirava minha blusa, que fazia massagem, que a gente brincava. Conta a verdade.

Alguns áudios mostram Dani Calabresa reclamando de um ator, da figurinista. Reclamava de todo mundo.

Por que usar isso? É para mostrar que Dani, enquanto dizia que estava me evitando, que não queria contato comigo, buscava incessantemente uma intimidade, inclusive para fazer queixa de outros colegas. Se você tem queixa de outros colegas, por que você vai procurar o seu chefe assediador para falar deles? Essas frases denotam que, toda vez que ela tinha algum interesse, ia até mim.

Dani Calabresa afirma que mostrar um nude não pode ser encarado como um convite e que o senhor tentou agarrá-la à força depois disso. Não tentei. Entendo que os nudes não sejam necessariamente um convite. Mas qual é então a intenção de chamar uma pessoa num canto e mostrar nudes para ela? Pode ser só que você queira que o seu chefe conheça o seu corpo, para alguma questão de trabalho que não consigo identificar.

Hoje o senhor descreve Dani Calabresa como uma pessoa que também orquestrou. Dentro da empresa, sim. Tem vídeo. Ela cai neste ato falho. Eu sempre disse que o que a motivou não é assédio, mas uma questão profissional, tanto que ela faz a queixa dois anos e meio depois. A queixa sobre a tal festa, que não era um problema, depois vira. Ela mesma assume que vai primeiro fazer uma queixa de assédio moral e não fala nada de sexual. Aí não sou punido, não saio da frente, e ela vem com a carta do assédio sexual.

O senhor gostava dela mesmo? Teve uma época em que a gente flertava e eu me interessei de verdade. Quando ela me mostrou os nudes, fiquei bem interessado. Não vou mentir. Aconteceu.

Será que ela recuou e o senhor avançou além da conta? Aconteceu seis anos atrás. Era um flerte. Ela mostra os nudes. Fico interessado e mando mensagem. Ela corresponde. A gente fica na festa. Um mês depois da festa, ela diz que tenho outros dons e manda emoji de berinjela elogiando meu pênis.

Depois ela diz que pretendia mandar um microfone. Depois diz que queria mandar um microfone. Vem na minha casa cantar num videoquê no mês seguinte à festa. Teoricamente, ao local que ela foi assediada primeiro. Num depoimento na Justiça, diz que a assediei no palco. No outro, assume que tirou minha camisa no palco. E assim vamos. Uma declaração aqui e outra diferente ali.

O que alguns formadores de opinião querem, ou parte da imprensa, é que se ignore isso tudo em nome da palavra da vítima. Não. Vamos mostrar a realidade. Uma pessoa não é assediada só porque acha que foi ou porque diz que foi. Existe um conjunto de elementos que tem que ser julgado.

Acha que sua carreira está enterrada? Não vou desistir de contar esta história como ela aconteceu, tim-tim por tim-tim, até o fim dos tempos. O que entendo é que a opinião pública acordou e que boa parte do meu público pede minha volta. Acredito que voltarei pelo teatro, sem medo. Quem acreditar em mim e no que efetivamente aconteceu vai comprar o ingresso e assistir a um espetáculo meu.

O senhor diz que suas filhas fazem terapia. O senhor também? Faço terapia desde 2008. Era uma vez por semana. Agora é todo dia.

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