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09/08/2010 - 07h00

Casseta Hélio de la Peña comenta passagem de Robert Crumb pela Flip

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HÉLIO DE LA PEÑA
ESPECIAL PARA A FOLHA

O intelectual de fim de semana finalmente pôde deixar o chapéu Panamá na pousada e aparecer mais à vontade na Flip.

Os palestrantes da mesa "A Origem do Universo" não eram do mundo acadêmico. Robert Crumb e seu fiel escudeiro Gilbert Shelton não estavam ali pra explicar o Big Bang.
Shelton, de chapéu branco, e Crumb, de chapéu preto, sandálias e meias, compunham uma dupla ao mesmo tempo harmoniosa e contrastante.

Crumb chegou dizendo que não sabia por que estava ali, por que foi convidado para falar no evento, já que se considera um mala sem alça e não gosta de viajar.

Shelton, ao contrário, declarou curtir uma viagem e uma boca livre, tanto que já conhecia Porto Alegre e Foz do Iguaçu. Ambos estavam em Paraty principalmente por serem maridos conformados e obedientes: a ideia de aceitar o convite foi mais delas do que deles.

Letícia Moreira/Folhapress
Gilbert Shelton e Robert Crumb em almoço na Flip
Gilbert Shelton e Robert Crumb em almoço na Flip

Independente do que foi dito naquela noite, estar ali vendo duas lendas vivas da contracultura me impressionou. Crumb é um velho meio acabado, detonado pela quantidade de substâncias ilícitas que mandou pra dentro nos anos 60/70.

No meio de uma frase, um grito, uma onomatopeia nos surpreende e nos dá a certeza de que é uma HQ ambulante desenhada por si mesmo. O criador de "Supernatural" e "Fritz, o Gato" não lembra de muita coisa. Seu amigo Shelton serve como uma espécie de HD externo e traz à tona datas e nomes de uma época que se perdeu nos combalidos neurônios de Crumb.

Enquanto eles falavam, fiquei imaginando como seria a Mulher Melancia vista por Crumb. Será que ele conseguiria criar uma bunda ainda maior que a real? E os peitos siliconados de hoje em dia seriam inspirados nas suas figuras femininas? Se vivesse no Brasil, seria um frequentador de bailes funk, babando obcecado com a mulherada de dedinho na boca descendo até o chão.

Estava pensando no Crumb representando a nanquim uma dessas orgias de popozudas quando sua mulher, a também quadrinista Aline Crumb, subiu ao palco. O cara travou na hora. Os dois começaram a se espetar com ironias e resmungos de um velho casal.

A conversa tomou outro rumo e eu também. Por mais liberal e underground que seja, não dá pra ficar falando de sacanagem na frente da patroa, como se ainda estivessem na Califórnia psicodélica. Estamos em Paraty 2010 e já está quase na hora da papinha...

 

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