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Produtora do "Big Brother" quer fazer novela com a Globo no Brasil
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LAURA MATTOS
ENVIADA ESPECIAL A BUENOS AIRES
Martin Kweller é presidente da Endemol Argentina, produtora do "Big Brother" e de outros programas, mas parece ser dono de uma emissora de televisão.
À frente da mesa de seu amplo escritório com jardim de inverno, em Buenos Aires, estão oito televisores ligados em diferentes canais. São oito controles remotos (além dos aparelhos de TV tem os do DVD e da TV paga) que ele manipula sem se confundir.
Pela tela de seu computador, acompanha o Ibope minuto a minuto, em tempo real. "Estamos com oito programas no ar em diferentes canais. Quando a audiência de um programa nosso cai, vejo o que a concorrência leva ao ar naquele momento, quem são os artistas que estão aparecendo, tudo."
Apesar de sua preocupação com o mercado do país, o grande foco da Endemol Argentina agora é a exportação. Para a Globo, já fez dois quadros do "Domingão do Faustão" ("Maratoma" e "Os Encolhidos") e na semana passada iniciou a gravação de "Hipertensão".
Em entrevista à Folha, Kweller falou sobre a parceria com a emissora brasileira, o mercado audiovisual argentino e as tendências internacionais da produção para a TV.
Sergio Goya/Folhapress | ||
Martin Kweller, presidente da Endemol Argentina, que revelou planos de gravar novela com a Globo no Brasil |
Folha - A Globo tem uma estrutura de produção muito grande no Rio e é curioso que agora esteja vindo a Buenos Aires gravar programas.
Martin Kweller - Não faz sentido montar no Brasil tudo o que já temos aqui. Investimos milhões nesses estúdios. Para o de "Wipeout" [que virou "Maratoma" do "Faustão"] foram mais de US$ 3 milhões, o do "101 Ways to Leave a Game Show", que a Globo vai fazer também, mais de US$ 3 milhões. No "XXS" ["Os Encolhidos" do "Faustão"], mais de US$ 2 milhões. E para "Fear Factor" ["Hipertensão"], quase US$ 2 milhões.
O crescimento da produção de televisão na Argentina tem algo a ver com o prestígio do cinema feito no país?
De alguma forma sim. Se eles ganham um Oscar, o mundo olha de outra maneira os produtos argentinos.
Mas são produtoras diferentes que trabalham com cinema e televisão, não?
Por enquanto sim, mas todos estamos pensando em fazer filmes. Por enquanto, nós e as produtoras de cinema somos primos-irmãos, mas estamos iniciando uma aproximação. Eles começam a usar alguns estúdios nossos, há roteiristas em comum, artistas.
Vocês têm leis de incentivo fiscal, como no Brasil, para estimular a produção para TV?
Para o cinema sim, mas para a TV ainda não. A Câmara de Produtoras Independentes de TV está começando a discutir isso e tentando obter mais apoio do governo.
Mas aqui a maioria das emissoras trabalha com produção independente, diferentemente do Brasil.
Sim, esse é o nosso modelo. As emissoras têm menos riscos e mais opções de programação.
Como está a penetração de TV paga na Argentina?
Oficialmente, está em mais de 70% dos domicílios. Mas com a pirataria, chega a mais de 90%. Apesar disso, a audiência das abertas ainda é maior. Agora, por exemplo, 34% dos telespectadores com TV ligada estão nas TVs abertas e 19% nas fechadas.
Como é trabalhar com a Globo? Há dificuldades pelo fato de eles também terem muita experiência em produção?
São pessoas profissionais, sabem muito de televisão, não temos problemas. Recebemos emissoras de outros países que são assim também.
Perguntei porque a Globo costumava ser muito fechada na produção de seu conteúdo.
A Globo está fazendo uma boa mudança nesse sentido, tem que ser elogiada. E enquanto eles fazem alguns programas com a gente, a Endemol está negociando para produzir na Globo uma novela para exportar. O que acontece agora é essa globalização de formatos e produção.
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