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07/09/2010 - 09h48

"Orfeu" é atualizado em montagem de Aderbal Freire-Filho

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MARCELO BORTOLOTI
DO RIO

Pela primeira vez a peça "Orfeu da Conceição" será exibida no circuito comercial em seis capitais do país.

A nova montagem, que estreia nesta quinta no Rio, custou R$ 2,2 milhões (sendo R$ 1,6 milhão captado via Lei Rouanet), foi idealizada por Gil Lopes e tem direção de Aderbal Freire-Filho.

Pouca gente viu encenado o texto original de Vinicius de Moraes, que transporta para os morros cariocas o mito grego de Orfeu, e esta novidade poderia bastar para atrair o público. Ou não.

Divulgação
Os atores Aline Nepomuceno, Érico Brás e Jéssica Barbosa em cena de 'Orfeu
Os atores Aline Nepomuceno, Érico Brás e Jéssica Barbosa em cena de 'Orfeu'

Freire-Filho optou por uma versão mais palatável. Inventou um personagem-poeta, referência ao próprio Vinicius, uma espécie de narrador que atravessa o espetáculo ao lado de cinco amigos, ajudando a explicar passagens truncadas e suavizando as mudanças de cena.

"Orfeu" tem reconhecida importância histórica. A peça marcou o início da parceria entre Vinicius e Tom Jobim e ajudou a romper a hegemonia branca nos palcos brasileiros dos anos 1950, ao escalar apenas atores negros.

Além disso, já trazia os traços e curvas que mais tarde notabilizariam o arquiteto Oscar Niemeyer, responsável pelo cenário. Como texto dramático, no entanto, suas qualidades são discutíveis.

Faltam conflitos além da trama central. As passagens entre os atos são bruscas e, por vezes, o destino de determinado personagem carece de melhor explicação.

Freire-Filho não fala a respeito disso com facilidade: "A peça é incrível. Minha interferência foi apenas para transportá-la para os dias de hoje e dar uma maior comunicabilidade", afirma.

Aos poucos, e tão cheio de dedos quanto possível para tratar de algo praticamente sagrado no meio artístico, o diretor vai se abrindo. "Vinicius escreveu um ato na década de 1940 e outro, dez anos depois, o que pode ter contribuído para essas passagens bruscas", disse.

MUDANÇAS NECESSÁRIAS

As mudanças promovidas no texto não foram cosméticas. Era impossível fugir de uma referência às favelas de hoje, e o diretor incluiu três bandidos que assaltam o personagem-poeta, além de um funk em meio à trilha sonora.

Mas o tráfico não aparece e até os ladrões acabam convertidos em personagens da trama original. Ao lado dos diretores musicais Jaques Morelenbaum e Jaime Alem, ele escolheu uma série de canções feitas posteriormente por Tom e Vinicius.

De fato, as músicas compostas para a peça, numa época em que Tom Jobim não passava de um obscuro pianista da noite carioca, não são o que a parceria produziu de melhor, ainda que incluam boas canções como "Se Todos Fossem Iguais a Você".

No novo espetáculo, aparecem outras obras-primas da dupla: "Este Seu Olhar", "A Felicidade" e "Chega de Saudade".

Em cena estarão 16 atores negros ou mulatos, todos na faixa dos 30 anos e sem grande carreira pregressa.

Orfeu é interpretado por Érico Brás, que participou do filme "Quincas Berro D'água". É uma aposta. Também será negro o personagem que simboliza Vinicius de Moraes. Uma caracterização justa para o poeta-diplomata que se dizia o "branco mais preto do Brasil".

ORFEU
AUTOR Vinicius de Moraes
DIREÇÃO Aderbal Freire-Filho
QUANDO estreia 9/9 no Rio de Janeiro e 23/9 em São Paulo
ONDE Canecão e HSBC Brasil (SP)
CLASSIFICAÇÃO 14 anos

 

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