Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
20/01/2011 - 07h29

Alejandro González Iñárritu expõe submundo de Barcelona em "Biutiful"

Publicidade

SYLVIA COLOMBO
EDITORA DA ILUSTRADA

"Cansei de ser o 'chico' das multi-histórias", responde, irônico, o cineasta mexicano Alejandro González Iñárritu, 47, quando explica por que decidiu que "Biutiful" contaria a tragédia de apenas um homem à beira da morte.

Iñárritu refere-se a seus três filmes anteriores ["Amores Brutos" (2000), "21 Gramas" (2003) e "Babel" (2006)], que tinham vários focos narrativos e histórias que se entrecruzavam.

"Biutiful", filme violento e visceral que entra em cartaz amanhã, conta a história de Uxbal (Javier Bardem), um homem que começa a questionar sua moralidade e suas emoções a partir do momento em que descobre ter uma doença terminal.

Uxbal vive no submundo de Barcelona. Ali vivem imigrantes africanos e chineses em condições precárias, alguns de quase escravidão.

"Fiz centenas de entrevistas com pessoas que estão nessa situação. Entrei nas 'okupas', espaços em que vivem clandestinamente, visitei com a polícia as fábricas de trabalho ilegal, foi um trabalho de investigação jornalística que me causou muito impacto", diz à Folha.

O protagonista tem um papel dúbio em relação a esses estrangeiros, pois os ajuda a conseguir trabalho, mas, ao mesmo tempo, entrega-os à brutal exploração.

Em casa, convive com dois filhos pequenos, semiabandonados pela mãe, que tem um transtorno mental.

"A tensão narrativa do filme está nessa espiral existencialista de Uxbal, que só começa a perceber a complexidade de suas emoções e de seus princípios porque sabe que está morrendo."

Uxbal passa a se perguntar se está mesmo ajudando os filhos que cria, os imigrantes que acolhe, a mulher pela qual, apesar de distante, se sente responsável. Ao mesmo tempo, busca respostas por meio do dom que tem de se relacionar com os mortos.

"É como se a vida que ele acreditava controlar passasse a se tornar um empecilho para que morra tranquilo."

Divulgação
Javier Bardem em "Biutiful"
Javier Bardem interpreta Uxbal, responsável pela mediação entre trabalhadores ilegais e seus patrões em 'Biutiful'

RICHA COM ARRIAGA

Iñárritu se esquiva de fazer críticas ao ex-colega Guillermo Arriaga, roteirista de seus três filmes anteriores e com quem rompeu ruidosamente em 2006 porque Arriaga quis mais destaque para seu crédito nos trabalhos.

"Arriaga foi o roteirista de uma fase muito produtiva do meu cinema e gosto muito do que fizemos juntos. Mas um diretor deve variar parceiros, e é saudável fazer isso. Não guardo rancor", diz.

Em entrevistas recentes, porém, Arriaga ainda se mostra incomodado com o fim da relação e declarou que não assistiria a "Biutiful".

Apesar de ter se aproximado do público americano, especialmente com "21 Gramas" e "Babel", Iñárritu gosta de ser identificado como um cineasta que se inspira nas tradições europeias e latino-americanas.

"O cinema latino-americano busca respostas sociais e políticas. Ao mesmo tempo, não rechaço a ideia de que é preciso entreter, contar histórias que mantenham o espectador atento. São as preocupações que me guiam."

Veja o trailer do filme:

Veja vídeo

MÉXICO HOJE

Sobre os índices de violência crescentes em seu país por conta do embate entre o governo e o narcotráfico, Iñárritu se diz pessimista. "Trinta e seis mil mortos por ano não é cifra de falta de segurança, é cifra de guerra. Vivemos a situação mais grave da nossa história desde a Revolução Mexicana (1910)."

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página