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Mostra no Rio exibe programas produzidos por Andy Warhol para TV
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SILAS MARTÍ
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
Numa noite de autógrafos, já no fim da vida, Andy Warhol sofreu um ataque mais grave que o atentado de 1968 em que levou cinco tiros. Um fã arrancou a peruca platinada do artista enquanto ele assinava livros. Manteve a calma, os ralos fios na cabeça expostos, e atendeu a todos os pedidos da fila.
Essa face resignada de Warhol com a própria imagem teve, por ironia, o tipo de exposição mais massificada.
Era com as rugas no rosto, a maquiagem por fazer, que o artista muitas vezes encarou câmeras de televisão dos programas que produziu dos anos 1970 a 1987, quando morreu em uma cirurgia.
Embora fossem ao ar num canal a cabo em Manhattan e, por pouco tempo, na MTV, os programas de Warhol na TV são quase desconhecidos.
Estão reunidos agora em mostra no Oi Futuro, no Rio, com projeções e monitores que transformam o espaço numa caixa de espelhos, com Warhol e seus atores-fetiche multiplicados pelas paredes.
É uma presença magnética, que a baixa definição do VHS e as distorções do tempo acentuam, dando certa aura sintética à cabeleira fake e à voz monótona do artista.
Andy Warhol Museum/Divulgação | ||
O artista plástico norte-americano Andy Warhol, que era mestre da pop art, em comercial da TDK, feito em 1982 |
Numa sequência que gravou para o "Saturday Night Live", Warhol tenta ser engraçado com considerações sobre morte e maquiagem. Mas uma dor tangível pontua a fala, e ninguém duvida de que ele falava sério.
"Não acredito na morte, só acho que as pessoas foram à Bloomingdale's e demoraram para voltar", diz ele no vídeo. "Quando as pessoas olham para um corpo num caixão aberto, sempre comentam sua maquiagem."
Essa obsessão pela aparência está por toda parte. Numa telenovela que dirigiu, uma mulher implora para sair da dieta, enquanto outra pensa no que vestia no seu primeiro encontro lésbico.
Noutra série de vídeos, entrevista modelos num quarto de hotel. No banho ou sem camisa de frente para a câmera, falam como se sentem vendendo a própria imagem.
Warhol também vendeu a sua numa série de anúncios publicitários. No comercial, em japonês, da TDK e noutro comercial de uma linha aérea, surge catatônico, apático, a anti-imagem do artista efusivo que soube perpetuar.
Da mesma forma que, fora de seu controle, filmaram o seu velório em Nova York. Ele dizia, aliás, que queria reencarnar como o anel de diamante de Elizabeth Taylor.
O jornalista SILAS MARTÍ viajou a convite do Oi Futuro
WARHOL TV
QUANDO de ter. a dom., das 11h às 20h; até 3/4
ONDE Oi Futuro (r. Dois de Dezembro, 63, Rio, tel. 0/xx/21/ 3131-3060)
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