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19/02/2011 - 09h03

Bailarina de Degas retorna ao Masp em mostra de esculturas

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SILAS MARTÍ
DE SÃO PAULO

Ela tem os olhos entreabertos, os braços alongados atrás das costas e os pés na quarta posição. É como se a bailarina de Degas se preparasse para entrar na dança, agora que volta ao Masp depois de passar dois anos e meio numa turnê mundial.

Obra de 1880 do artista francês Edgar Degas, a "Bailarina de 14 Anos" tem algumas irmãs gêmeas pelo mundo, mas está sozinha no país.

Passou por museus de Hamburgo, Madri e fez algumas paradas nos Estados Unidos antes do retorno agora como peça central da primeira mostra do ano no museu da avenida Paulista.

Nela, a rugosidade do bronze do corpo e do corpete contrasta com a leveza do tecido da saia e do laço que amarra seus cabelos. Degas retoma aqui pouco da estética impressionista que cunhou em seus numerosos quadros de bailarinas, deixando aflorar um realismo um tanto anacrônico no retrato da pequena dançarina.

Não há desvios no traço, o rosto é preciso, as mãos e as pernas firmes no bronze, como se fossem carne congelada, longe das pinceladas difusas das telas do artista.

Isso talvez pela obsessão que nutria pela figura dessa garotinha. Marie van Goethem, que chegou a dançar na Ópera de Paris, serviu de modelo para a escultura, mas historiadores encontraram no ateliê do artista inúmeros esboços em giz e carvão da mesma menina em poses diferentes, uma delas até nua.

Na leitura do Masp, não espanta que a mostra que começa hoje tenha o nome "Obsessões da Forma", embora seja outra a obsessão de que fala o museu. Degas entra no balaio do conjunto de esculturas como representante da obsessão pela matéria que pautou a escultura moderna.

Na mesma linha, estão obras de Francisco Stockinger, que constrói um casal de contornos esmaecidos, a dissolução da forma, ou Caciporé Torres, com um trabalho que lembra escombros naufragados, a forma toda bruta.

Divulgação
"Bailarina de 14 Anos", do artista francês Edgar Degas
A obra "Bailarina de 14 Anos", do artista francês Edgar Degas, que vai retornar ao Masp em mostra de esculturas

A VÊNUS E O BICHO

Mas o ponto fulcral da mostra parece ser outro: a oposição entre a Vênus de Renoir e o "Bicho Alado" do brasileiro Emanoel Araújo.

São duas figuras em metal negro, a primeira em bronze e a outra em aço. Renoir cria uma mulher lustrosa, figurativa. Rejeita o entorno, numa frequência alternativa, obcecado pela própria perfeição e suas curvas hiperbólicas.

Araújo abstrai qualquer contorno orgânico de seu bicho, construindo um vulto enorme que exalta não a subjugação da matéria à forma representada, mas o triunfo dessa matéria sobre os anseios do artista, vencido pela potência do aço rígido.

É uma briga que a abstração parece ter vencido até agora, pelo menos até que apareça outra Vênus.

OBSESSÕES DA FORMA
QUANDO abertura hoje; de ter. a dom., das 11h às 18h; qui., das 11h às 20h; até 27/3
ONDE Museu de Arte de São Paulo (av. Paulista, 1.578, tel. 0/xx/11/ 3251-5644)
QUANTO R$ 15 (grátis ter.)

 

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