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09/04/2011 - 10h30

Livros de coleção do escritor Valêncio Xavier estão à venda

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ELISANGELA ROXO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O escritor Valêncio Xavier se orgulhava de fazer literatura com pedaços de coisas. Fragmentos de imagens e notícias de jornal serviram de matéria-prima para suas histórias, com muita coisa garimpada em sebos. Foi mesmo para lá que voltaram os itens da coleção pessoal dele.

A biblioteca que pertenceu ao autor, morto aos 75 em 2008, está à venda em dois sebos de Curitiba, a preços que variam de R$ 2 a R$ 60.

O escritor Ademir Demarchi, 51, reconheceu a assinatura de Xavier num livro durante uma "garimpagem" no último sábado. Ele gastou R$ 1.700 em 150 itens, entre livros e revistas.

Um comprador, que prefere não se identificar, levou por R$ 18 uma edição de "Em Busca da Curitiba Perdida", de Dalton Trevisan, autografada. "Só notei a assinatura na segunda página quando cheguei em casa", conta.

João Wainer/Folhapress
O escritor paulistano radicado em Curitiba, Valêncio Xavier, em foto tirada em 1998
O escritor paulistano radicado em Curitiba Valêncio Xavier, cuja coleção está à venda, em foto tirada em 1998

VENDA DA HISTÓRIA

O proprietário de uma das lojas, Paulo José da Costa, 60, diz ter adquirido cerca de mil itens com a família do autor: 400 revistas e 600 livros. "Pela coleção, dá para perceber que era curioso, inquieto, sempre atrás do bizarro e do diferente", avalia Costa.

Ele e o autor se conheceram no próprio sebo, no início dos anos 1990. À família de Xavier, Costa foi apresentado por um amigo em comum, o jornalista José Júlio Azevedo, 62, que vive em São Mateus do Sul, no Paraná.

Xavier e ele ficaram amigos nos anos 1970, quando Azevedo trabalhava no Sesc Consolação, em São Paulo. Eles ficaram próximos e mantiveram contato ao longo dos anos, mesmo durante a doença do escritor, que sofreu com mal de Alzheimer.

Azevedo imaginou que Costa pudesse ajudar a família com a manutenção do acervo de vídeos de Xavier, também um grande entusiasta do cinema. De fato, ele se comprometeu a recuperar e disponibilizar no YouTube cerca de 20 filmes produzidos por Xavier. "Os 11 de Curitiba, Todos Nós" já está disponível.

No último dia 26 de março, Azevedo e Costa visitaram os herdeiros do escritor. Na mesma semana, o diretor da Biblioteca Estadual do Paraná, Rogério Pereira, conta que também esteve com a família para manifestar o interesse do Estado em ficar com os livros. "Lamento que eles tenham tomado a decisão de vender para o sebo", comentou Pereira, em entrevista por telefone à Folha.

Ele contou que esperava uma resposta para fazer uma oferta pelo acervo, porém antes seria necessário que uma equipe avaliasse os livros para estipular um valor.

Azevedo, que acabou intermediando o negócio entre o sebo e os herdeiros de Xavier, rebate o argumento de Pereira. "Eles me disseram que não foi feita nenhuma oferta financeira para ficar com os livros", afirma.

ESQUECIMENTO

A Folha tentou falar com os familiares de Valêncio Xavier, mas eles não quiseram dar entrevista.

A filha do escritor, Ana, explicou que não falaria porque durante a doença de seu pai e desde a sua morte "ninguém nem a imprensa demonstrou interesse", até a decisão da família pela venda.

 

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