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Soul se volta às raízes e ganha paradas
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ADRIANA FERREIRA SILVA
EDITORA DO GUIA FOLHA
Amy Winehouse, 27, mais de 10 milhões de álbuns vendidos na era do download. Adele, 21, há 12 semanas se mantém no primeiro lugar das paradas britânicas. James Blake, 22, estreou em disco em fevereiro deste ano com elogios em sites e revistas do mundo todo.
Em comum, além de os três jovens cantores terem nascido no Reino Unido, está a soul music. O estilo, cuja época de ouro ocorreu no fim dos anos 1960, início dos 70, disputa com o pop rock e o hip-hop a supremacia da indústria musical. Com a vantagem de que os trabalhos mais criativos dos últimos anos têm referências, influências soul ou são pura e simplesmente retrô.
E esse não é um fenômeno exclusivamente britânico. Em seu país de origem, o soul embala os hits cafajestes de Cee Lo Green, ganha versão "funky" na voz de Janelle Monáe e faz sucesso em seu formato clássico com Sharon Jones and The Dap-Kings.
O hip-hop foi o responsável pelo "revival" do gênero, nos anos 90, com estrelas como Lauryn Hill, Erykah Badu e Alicia Keys, rimando no balanço dessa mistura de gospel e R&B, numa onda conhecida como "neo soul".
Eduardo Knapp/Folhapress | ||
A cantora inglesa Amy Winehouse na Arena Anhembi, em São Paulo |
"Estamos agora numa fase retrô", afirma o cantor e produtor Simoninha, pesquisador do estilo. "A graça é gravar com equipamentos analógicos e lançar discos em vinil. É uma tendência se desprender das ferramentas digitais para criar ambientações de décadas passadas."
Para o produtor Pedro Albuquerque, curador do BMW Jazz Festival, que acontece em junho em São Paulo, esse retorno às raízes se personifica na figura do instrumentista americano Gabriel Roth, da banda The Dap-Kings.
Roth colaborou para o sucesso de Amy Winehouse, tocando e atuando como engenheiro de som no CD "Back to Black", lançou Sharon Jones e mantém uma gravadora, a Daptone, na qual os sintetizadores são "proibidos". "Tudo o que tocamos vem de instrumentos analógicos, e as gravações são feitas em rolos, como antigamente", explica Roth.
O rótulo, no entanto, incomoda a ele e a sua principal artista: "Não tenho nada de retrô", afirma Jones. "Minhas influências são daquela época, mas não parei no tempo."
Independentemente das etiquetas de "neo" ou retrô, as novas gerações trouxeram o estilo de volta às prateleiras. "Muita gente voltou a ouvir Otis Redding, e a procura por discos de Amy Winehouse se mantém grande", afirma Albuquerque, que também é consultor de acervo da Livraria da Travessa, no Rio.
Lá, ele aposta numa seção dedicada ao soul, que, assim como em outros lugares, volta agora a ser pop.
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