Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
29/09/2011 - 15h08

Ke$ha faz show recheado de clichês pop e muito "blá blá blá" em SP

Publicidade

CAROL NOGUEIRA
DE SÃO PAULO

Quando Claudia Leitte subiu ao palco do Rock in Rio na última sexta-feira, sobraram críticas à cantora de axé no Twitter, Facebook, rodas de conversa e qualquer lugar que fosse possível. Claudinha, coitada, foi zoada sem dó por ter, em determinado momento de seu show, tentado fingir que tocava guitarra. Mas, ao menos, cantou.

Ontem, quando Ke$ha apareceu no centro do palco da Via Funchal, em São Paulo, um dia antes de tocar no mesmo Rock in Rio, usando um enorme óculos de LED, e entoou os primeiros versos de "Sleazy", era impossível não se perguntar: "onde está a cantora?". E é assim que se passa os pífios 60 minutos seguintes --afinal, com apenas um disco ("Animal", 2010) no currículo, só lhe resta fazer um show curto.

Ke$ha passa tanto tempo escondida atrás dos adereços de LED, das brincadeiras ora infantis, ora pornográficas, com os dançarinos, e engolindo purpurina para cuspir --cuspir purpurina, sério?-- nos fãs que se amontoam na frente do palco (lugar que pagaram até R$ 320 para ocupar), que sobra pouco tempo para fazer o que cantoras devem fazer: cantar. E, isso, ao menos, Claudia Leitte faz bem. Já Ke$ha...

Isadora Brant/Folhapress
A cantora Ke$ha em show na Via Funchal na última quarta-feira
A cantora Ke$ha em show na Via Funchal na última quarta-feira

Na primeira metade do show, a cantora norteamericana se dá ao luxo de dispensar o playback para usar e abusar do autotune (aquele programa que "robotiza" a voz e corrige as desafinações), mas, mesmo assim, ela tem uma voz estridente de dar dó. Na segunda metade da apresentação, quando ela troca a roupa futurista por uma hippie, o autotune é dispensado, mas entram playback e backing vocals. Ke$ha só canta mesmo quando quer fazer graça com os fãs. Mas tudo não passa de "blá blá blá", ou "Blah Blah Blah", como o nome da música que canta nessa hora.

Mas é esse "blá blá blá" que mantém o show funcionando, tanto é que o momento "balada" da apresentação não funciona muito bem e os fãs aproveitam para dançar de forma mais "introvertida", abrindo rodinhas de dança entre eles, quase como se Ke$ha não estivesse ali. Afinal, ela não está correndo de um lado para o outro, ninguém está correndo atrás de ninguém, não há luzes piscando, nada disso. Pelo mesmo motivo, não é a toa que seu maior hit, "Tik Tok", é guardado para o final do show e usa todos os elementos possíves para chamar atenção. Até um Papai Noel que canta "Fight For Your Right" e uma "pinhata" --recipiente coberto de papel crepom que é quebrado a pauladas para liberar doces.

A única interação da cantora com a plateia, composta em massa por grupos de meninas e meninos adolescentes, alguns deles com os pais, era falar muitos palavrões e fazer insinuações sexuais --algumas, mais explícitas, como "vão para casa fazer sexo", outras menos, como as brincadeiras com seus dançarinos descamisados e dançarinas decotadas. No pescoço de uma delas, Ke$ha tasca um beijo bem molhado. Na plateia, algumas fãs-mirins repetiam o gesto. Em outro momento, os dançarinos simulam um ato de masturbação com os canos das armas que atiram no ar pedaços de papel picados.

Antes de cantar "Dinosaur", Ke$ha pergunta às garotas da plateia, quase todas na faixa dos 14 anos (a classificação etária do show): "Alguma vez um cara bem mais velho já deu em cima de vocês?". A música fala: "D-i-n-o-s-s-a, você é um dinossauro. Um v-e-l-h-o, você é só um homem velho". Rebeldia ou apenas mau gosto? Fica a mesma dúvida em performances de músicas como "Cannibal", na qual ela canta: "Eu devoro meninos no café da manhã e no almoço. E quando estou com sede, eu bebo o sangue deles", antes de sacar um coração de mentira e, claro, beber o "sangue" de dentro dele.

E vem mais clichês pop: "Eu quero ouvir vocês!", "pulem!", "coloquem suas mãos no ar!". Em outro momento, ela empunha uma guitarra para fingir que toca alguns acordes (bem simples, vale dizer) --mas quem toca, na verdade, é um guitarrista lá no fundo do palco. Mesmo assim, no final da música, Ke$ha simula um ato de rebeldia do rock e quebra a tal guitarra. Pelo menos Claudinha não tentou imitar isso no palco do Rock in Rio. E hoje, quando os "bedeis" do Twitter assistirem a transmissão do festival, será que vão perguntar: isso é rock?

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página