Ibirapuera recebe "Amarcord" ao ar livre pela Mostra de SP

Depois de mais de dez dias e centenas de sessões em ambientes lotados e fechados, o público da Mostra será brindado hoje com um programa deliciosamente arejado.

Se não cair um temporal na hora H, a exibição ao ar livre da cópia restaurada de "Amarcord", clássico inestimável do diretor italiano Federico Fellini, promete ser a sessão mais democrática do evento, gratuita e sem necessidade de disputar ingressos.

O filme será projetado às 20h na área externa do Auditório Ibirapuera como parte da homenagem ao centenário de Nino Rota, compositor da música deste e da maioria dos trabalhos de Fellini.

	Divulgação
	Cena do filme "Amarcord" de Federico Fellini, que será exibido hoje no Ibirapuera

Quem foi no ano passado à projeção ao ar livre da versão restaurada de "Metropolis", de Fritz Lang, recorda-se com prazer da experiência de se jogar na grama e assistir a um clássico em dimensões mais espetaculares que as da maioria das salas da cidade.

Hoje, o paredão branco de Niemeyer recebe as cores concebidas pelo diretor de fotografia Giuseppe Rotunno para expressar sentimentos individuais e coletivos que flutuam ao sabor das estações.

NOSTALGIA E IRONIA

Feito em 1973, "Amarcord" logo se tornou um dos trabalhos mais populares de Fellini e valeu ao diretor italiano seu quarto Oscar na categoria melhor filme estrangeiro.

Como em "Os Boas-Vidas", primeiro sucesso do cineasta, "Amarcord" mescla nostalgia e ironia na forma de crônica de uma pequena cidade durante os anos do fascismo.

As rebeldias adolescentes, a balbúrdia familiar e o desejo sexual represado misturam-se ao fascínio exercido por um regime que projeta uma Itália bufa, circense e cheia de si.

Ao evocar essas lembranças doce-amargas, Fellini reinventa o passado para não se deixar dominar por ele.

AMARCORD
DIREÇÃO Federico Fellini
PRODUÇÃO Itália, 1973
QUANDO hoje, às 20h, na área externa do Auditório Ibirapuera
CLASSIFICAÇÃO livre