Descrição de chapéu DeltaFolha

Sobre o que fala Olavo de Carvalho?

Levantamento da Folha mapeia interesses do guru de Jair Bolsonaro

Simon Ducroquet e Marina Merlo

Um levantamento feito pela Folha mapeou todos os textos publicados no site de Olavo de Carvalho, totalizando 2,9 milhões de palavras, volume que equivale a quase quatro bíblias.

A maioria dos textos são republicações de colunas publicadas desde 1987 em jornais como o Diário do Comércio e o Jornal do Brasil. Usando um algoritmo de agrupamento de assuntos, o mesmo utilizado no GPS Eleitoral, revela-se o universo de interesses pelo qual passeia o guru conservador:

Embora a filosofia, a teologia e a epistemologia estejam bastante presentes em sua produção, o assunto preferido de Olavo de Carvalho é mesmo a política, seja ela nacional, internacional ou "global". 

É ali que estão as discussões sobre globalismo, "idiotas úteis" e "nova ordem mundial", termos há pouco tempo restritos a teorias da conspiração e agora presentes em discussões políticas, principalmente dentro do espectro conservador. 

Elas fazem parte de uma visão de mundo que Olavo vem propagando desde o fim dos anos 1990 através de seus livros, textos e, mais recentemente e de modo mais intenso, de seu Curso Online de Filosofia, criado em 2009 e frequentado por cerca de 5.000 pessoas a cada ano. A partir daí, as ideias de Olavo se espalharam por seus alunos e por suas redes sociais.

Em 2018 essa influência atingiu um novo patamar, já que um dos adeptos do "olavismo" foi eleito presidente da República. A reverência de Jair Bolsonaro ao guru se materializou na nomeação de dois ministros indicados por Olavo —Ernesto Araújo para as Relações Exteriores e Ricardo Vélez Rodríguez para a Educação. 

Apesar do aparente sucesso da sua empreitada intelectual, a interpretação geopolítica que Olavo faz da realidade causa estranhamento fora do seu universo de seguidores e é vista com desconfiança pela academia. O esquema a seguir é uma introdução a esse pensamento:

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.