Folha estreia blog sobre temas da história que iluminam o presente

A História É a Seguinte discutirá pesquisas historiográficas e desafios do trabalho de historiadores

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São Paulo

A Folha estreia nesta quarta-feira (16) o blog A História É a Seguinte, que apresentará temas do passado que reverberam na atualidade e discutirá os desafios do trabalho de historiadores. A ideia é apresentar trabalhos de qualidade da historiografia e informações disponíveis em arquivos para leitores não especialistas.

Quatro autores com formação e atuação em história assinarão postagens no blog: Paula Vedoveli, professora de relações internacionais na FGV, Hanna Manente Nunes, doutoranda em história na Universidade de Chicago, Renato Perim Colistete, professor livre-docente de história econômica na USP e Sylvia Colombo, correspondente da Folha em Buenos Aires —que está lançando, como coautora, o livro "Utopias Latino-americanas" (Contexto), organizado por Maria Ligia Coelho Prado.

No texto de estreia do blog, Hanna Manente Nunes aborda os esforços dos profissionais da área, que enfrentam todo tipo de dificuldade para buscar e sistematizar dados em arquivos e coleções. A pesquisadora, que desenvolve uma pesquisa sobre a história social da informalidade em São Paulo na virada do século 19 para o 20, escreve que, "quando feita com seriedade e respeito às fontes, toda história é real, e toda história é presente".

"Existe um 'lag' gigantesco entre a defesa de uma tese na USP e essa ideia ir para um livro escolar —muitas vezes são 50, 60 anos para fazer essa transferência", diz Manente. "Precisamos desmistificar o que é a historiografia. Não é um livro insuportável de 400 páginas, são ideias básicas e argumentos simples."

Deve haver diversidade temática nas postagens. Os textos abarcarão desde incidências no passado de temas quentes do noticiário atual, como a obrigatoriedade de vacinas, até as condições materiais que a pesquisa historiográfica demanda —como a situação de conservação de documentos em arquivos do país e as mudanças proporcionadas pela expansão de bancos de dados históricos na internet.

Renato Colistete, da USP, prevê abordar quatro assuntos principais, relacionados às pesquisas que conduz: a escravidão, a imigração europeia, a educação primária e a formação do mercado de trabalho a partir de meados do século 19 no país.

"A gente tem uma linha de pesquisa sobre as desigualdades que se desenvolvem em uma economia baseada em grandes propriedades de terra, agricultura de exportação e trabalho escravo. Esse é um tema superimportante. Nós somos o produto dessa herança de desigualdades do passado."

Vinicius Mota, secretário de Redação da Folha e oriundo da sociologia, também participará da iniciativa. "Queremos publicar textos que mostrem o prazer que a gente tem ao lidar com essa literatura e retratem o ofício do historiador", afirma.

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