Rebeliões de escravos moldaram cultura da Bahia, diz jornalista

Fernando Granato lança 'Bahia de Todos os Negros', sobre levantes contra a escravidão no século 19

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São Paulo

O entrevistado do Ilustríssima Conversa desta semana é o jornalista Fernando Granato, que lança o livro "Bahia de Todos os Negros - As Rebeliões Escravas do Século XIX", pela editora Intrínseca.

Depois de publicar, no começo dos anos 2000, "O Negro na Chibata", em que abordava a Revolta da Chibata (1910), na qual marinheiros negros foram agredidos fisicamente, Granato passou a pesquisar os fatores que fizeram de Salvador a cidade com maior presença da herança cultural africana.

A resposta, a seu ver, está na resistência à escravidão que levou a inúmeras revoltas em Salvador no século 19, quase todas lideradas por africanos muçulmanos vindos da região da Costa da Mina, que corresponde aproximadamente à faixa litorânea dos atuais estados de Gana, Togo, Benin e Nigéria.

"Entre 1820 e 1835, 57,3% dos escravos africanos da Bahia vinham do Golfo do Benin e eram chamados de 'os filhos de Alá na Bahia'. Era um povo experimentado em conflitos entre etnias na África, vítima de lutas internas, que usaria essa prática belicosa para planejar insurreições em território brasileiro", escreve Granato.

O jornalista relata que o Conde de Ponte, que governou a Bahia de 1805 a 1809, chegou a dizer que os africanos vindos da região colocavam em risco "a paz do sistema escravista".

Nesse percurso de rebeliões, o livro resgata momentos históricos importantes, como a Revolta dos Malês, maior levante de escravos já ocorrido no Brasil, e personagens excepcionais, como Maria Felipa de Oliveira, Luísa Mahin e, sobretudo, o abolicionista Luís Gama, ex-escravo que conquistou judicialmente a própria liberdade e passou a atuar na advocacia em prol dos cativos.

O Ilustríssima Conversa está disponível nos principais aplicativos, como Apple Podcasts, Spotify e Stitcher. Ouvintes podem assinar gratuitamente o podcast nos aplicativos para receber notificações de novos episódios.

O podcast entrevista, a cada duas semanas, autores de livros de não ficção e intelectuais para discutir suas obras e seus temas de pesquisa.

Já participaram do Ilustríssima Conversa Renan Quinalha, para quem a LGBTfobia de Bolsonaro atualiza moralismo da ditadura "hétero-militar", Simone Duarte, que defendeu que o 11 de Setembro nunca terminou no Afeganistão, Natalia Viana, que discutiu a politização das Forças Armadas, Camila Rocha, pesquisadora da nova direita brasileira, Antonio Sérgio Guimarães, que recuperou a história do antirracismo no Brasil, Eugênio Bucci, que defendeu que redes sociais extraem o olhar de seus usuários, Rafael Mafei, autor de livro sobre a história do impeachment no Brasil, Kauê Lopes dos Santos, que debateu a economia política de Gana, Rosa Freire D’Aguiar, organizadora de coletânea de cartas de Celso Furtado, Fábio Kerche e Marjorie Marona, que fizeram um balanço dos dois primeiros anos do governo Bolsonaro, Regina Facchini e Isadora Lins França, organizadoras de livro sobre direitos LGBTI+ no Brasil, Alessandra Devulsky, autora de livro sobre racismo e colorismo, e Idelber Avelar, que discutiu a ascensão do bolsonarismo, entre outros convidados.

A lista completa de episódios está disponível no índice do podcast. O feed RSS é https://folha.libsyn.com/rss.

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