Luedji Luna e orquestra se unem para lembrar independência da Bahia

Baianos celebram emancipação em 2 de julho; concerto será realizado nesta sexta (1º) no teatro Castro Alves, em Salvador

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Belo Horizonte

Nesta sexta-feira, dia 1º, a concha acústica do teatro Castro Alves, em Salvador, recebe um encontro da cantora e compositora Luedji Luna com a Orquestra Sinfônica da Bahia (OSBA) no Concerto da Independência, que marca as lutas pela emancipação do território baiano.

Essa é a segunda edição do evento, que deixou de ser realizado durante dois anos por conta da pandemia. A primeira ocorreu em 2019 com a banda BaianaSystem.

Foto da apresentação da orquestra sinfônica. A banda está no centro do palco, por sua vez iluminado em verde e azul, enquanto uma multidão lota a plateia.
Primeira edição do Concerto da Independência, em 2019, que promoveu encontro da Orquestra Sinfônica da Bahia com a banda BaianaSystem - Leto Carvalho/Divulgação

"É uma grande particularidade da Bahia ter a sua própria independência", diz Carlos Prazeres, maestro e diretor artístico da OSBA desde 2011.

Essa luta baiana pela independência é um dos episódios que demonstram como a emancipação do Brasil não foi pacífica em todas as regiões, como se costuma ouvir com certa frequência.

As batalhas começaram em fevereiro de 1822, antes mesmo do famoso 7 de Setembro em São Paulo, e se estenderam até 2 de julho de 1823, com a derrota das tropas portuguesas. Deixaram centenas de mortos e colaboraram para a manutenção da unidade territorial brasileira.

"O 2 de julho é uma data muito simbólica. Uma orquestra que quer se conectar com a sociedade não poderia deixar de fazer um concerto com esse mote", afirma Prazeres.

No canto da imagem, o maestro segura bastão enquanto rege a orquestra. Ele é um homem branco, de cabelos na altura da nuca, usa uma camiseta preta e um headphone vermelho. Ao fundo, em segundo plano, estão as luzes do teatro castro alves.
Carlos Prazeres, maestro da Orquestra Sinfônica da Bahia, na primeira edição do Concerto da Independência, em 2019 - Leto Carvalho/Divulgação

Ainda que as pautas defendidas pela sociedade baiana atualmente não sejam exatamente as mesmas em relação a 200 anos atrás, o maestro ressalta o quanto o Brasil ainda é um país colonizado. A música, segundo ele, pode contribuir para uma mudança nesse sentido.

"Luedji Luna tem muita consciência dessa realidade. Em suas músicas, ela dá voz a outras mulheres negras, como a escritora Conceição Evaristo, a cantora e compositora Nina Simone e as poetisas Cidinha da Silva e Tatiana Nascimento", afirma Prazeres.

"A Bahia já me deu régua e compasso, como diria o mestre Gilberto Gil. A Bahia me educou musicalmente e politicamente", conta Luedji Luna, que nasceu em Salvador há 35 anos.

Depois de lançar os elogiados álbuns "Um Corpo no Mundo" (2017) e "Bom Mesmo é Estar Debaixo D’Água" (2020), este último indicado ao Grammy Latino 2021 na categoria melhor álbum de MPB, Luedji tem se consolidado como uma das cantoras de destaque de sua geração.

Suas composições refletem não só a força e os desafios de ser uma mulher negra na sociedade brasileira. Também levam a um mergulho às ancestralidades pretas, simbolizado, por exemplo, nos modos como ela aborda a maternidade e a liberdade.

"Podem esperar canções do primeiro e do segundo álbum, além de releituras de clássicos do cancioneiro popular brasileiro", ela diz sobre o concerto desta noite.

Foto da cantora Luedji Luna. A imagem, em primeiro plano, mostra o seu rosto negro posado numa expressão serena. A luz ilumina parte de seu rosto. Seus ombros e cabelos estão em segundo plano, desfocados.
A cantora e compositora Luedji Luna, que participa do Concerto da Independência, em Salvador - Helen Salomão/Divulgação

2 de julho

Diversas batalhas que ocorreram em território baiano culminaram na expulsão dos portugueses da região em 2 de julho de 1823.

Como explica o historiador Marcelo Cheche, professor da Universidade Estadual do Maranhão (Uema), ocorria nesse período um ciclo revolucionário da Independência que ia muito além do então regente Pedro.

"Esse projeto de uma monarquia com sede no Rio de Janeiro não é o projeto do norte do Brasil. Tanto que as províncias resistem à independência do 7 de Setembro."

Como lembra o maestro, as batalhas na Bahia tiveram "histórias absolutamente curiosas e incríveis".

Além de figuras como Joana Angélica, abadessa que tentou impedir a invasão de soldados portugueses ao Convento da Lapa, em Salvador, Prazeres destaca o personagem Luís Lopes.

Durante um conflito entre brasileiros e portugueses, "o corneteiro Luís tocou o toque de avançar no lugar do de retroceder. Por sorte, as tropas brasileiras venceram, já que elas estavam em menor número". A história inspirou a música "Corneteiro Luís", do BaianaSystem.

Concerto da Independência

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