Descrição de chapéu Independência, 200

Caminhão-museu da Independência chega ao Rio

Exposição idealizada pelo Projeto República (UFMG) abre nesta quarta, 10, no Complexo da Maré

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Belo Horizonte

O símbolo da república proclamada em Pernambuco em 1817 foi escolhido para dar início ao percurso proposto pela exposição "Itinerários da Independência", que roda o Brasil ao longo deste ano sobre as rodas de um caminhão-museu.

Após passagens por Brasília, Belo Horizonte e Prados (MG), o caminhão estaciona nesta quarta, 10, na zona norte do Rio de Janeiro. A exposição poderá ser visitada até sexta, 12, no pátio do Ciep Elis Regina, no Complexo da Maré.

Fotografia do caminhão-museu ao entardecer. Trata-se de um caminhão onde, em suas laterais, foram erguidos painéis com pinturas e outros materiais, como grandes vira-viras com o rosto de mulheres. No topo, destacam-se faixas amarelas com palavras que remetem ao período. No centro, está a bandeira do estado de Pernambuco
Passagem da exposição por Brasília, em junho de 2022; o caminhão-museu ficou estacionado na praça do Museu Nacional da República, na Esplanada dos Ministérios - Sara Não Tem Nome/Divulgação

A exposição destaca os diferentes projetos de independência que estavam em disputa no Brasil nas primeiras décadas do século 19.

Sem deixar de fazer um aceno à Inconfidência Mineira, que ocorreu em 1789, a mostra traça uma rota que vai de 1817 a 1824 para reviver movimentos políticos do país. Parte da Revolução Pernambucana, que proclamou uma república que durou 75 dias, e alcança a Confederação do Equador, movimento de caráter federalista e também republicano.

Há ainda informações sobre o projeto monarquista de dom Pedro 1º, as iniciativas republicanas que agitaram o Nordeste e as batalhas que mostram como esse processo de emancipação não foi nada pacífico.

A iniciativa é do Projeto República, núcleo de pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em parceria com a Comissão Curadora do Bicentenário da Independência no Senado.

Como conta a historiadora Heloisa Starling, coordenadora da exposição, o trajeto sugerido começa com a reprodução de uma tela de Antônio Parreiras. A pintura, exposta na frente do caminhão, mostra um anjo entregando a espada da liberdade a Tiradentes, protagonista da Inconfidência.

O itinerário segue dali, evidenciando as manifestações desse espírito revolucionário nos movimentos e revoltas ao longo do período citado.

Dentro do caminhão, uma sala de cinema exibe vídeos curtos sobre o tema, e um espaço de realidade virtual permite que os visitantes possam ser fotografados como parte de quadros históricos.

Do lado de fora, estão painéis que remetem a eventos marcantes do ciclo revolucionário, uma biblioteca com livros e HQs sobre a independência e computadores de livre acesso.

No canto da imagem, um homem com a camiseta azul da exposição fala e gesticula enquanto jovens observam, do outro lado
Francis Duarte, pesquisador do Projeto República e um dos responsáveis pela pesquisa iconográfica da exposição, apresenta os painéis das mulheres aos visitantes - Raphaella Dias - 6.jul.2022

O vira-vira "As Mulheres que Estavam Lá" reúne grandes telas que, devido a um efeito de ótica, apenas revelam o rosto de suas retratadas quando vistas de longe. É uma tentativa de mostrar, segundo Starling, como foi preciso um distanciamento temporal para que essas histórias fossem relembradas.

Há nomes famosos, como a imperatriz Leopoldina, que teve um papel relevante na emancipação do território brasileiro, e histórias de mulheres muito pouco conhecidas, como a baiana Urânia Vanério, que, aos 10 anos, escreveu um panfleto revolucionário.

Para o estudante Rubens Avendanha, que visitou a exposição em Belo Horizonte, exposições interativas como essa contribuem para firmar na memória episódios e personagens esquecidos.

O historiador Danilo Marques, pesquisador do Projeto República, compara o caminhão-museu a um "transformer", fazendo alusão aos alienígenas robôs da franquia de cinema. O veículo é montado e desmontado a cada parada, levando todo o conteúdo da exposição no seu interior.

No Rio, a exposição integra e antecede a programação principal do #FestivalAgora, que será realizado nos dias 13 e 14 de agosto no Museu de Arte Moderna (MAM Rio). De lá, o caminhão segue para São Paulo, Salvador e Recife, em datas a serem confirmadas.

A iniciativa se completa com o site Itinerários Virtuais da Independência. Lançado no início de junho como parte do calendário do Senado para celebrar o bicentenário da independência, a página destrincha o ciclo revolucionário nas diferentes províncias do território brasileiro e apresenta, em detalhes, as lutas do período.

Exposição Itinerários da Independência

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