O jornalista norte-americano Glenn Greenwald estreia nesta semana uma coluna na Folha. Seus textos serão publicados quinzenalmente no site do jornal, e um deles será incluído mensalmente na versão impressa da Ilustríssima.
Graduado em direito pela Universidade de Nova York, Greenwald foi colunista do jornal britânico The Guardian e liderou a divulgação, em 2013, de documentos vazados por Edward Snowden a respeito dos métodos de espionagem da NSA (Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos).
Essa experiência foi registrada em seu livro "No Place to Hide" (não há onde se esconder), e suas reportagens sobre o caso publicadas no Guardian receberam o Prêmio Pulitzer de 2014.
"A história mostra que um dos maiores perigos para as democracias é o abuso de poder, mesmo quando por líderes políticos bem-intencionados. Os valores da liberdade de expressão, devido processo legal, imprensa livre, democracia e a necessidade de transparência são primordiais para mim", afirma.
"Vi todos esses valores ameaçados pela espionagem da NSA, pelo impeachment injustificado de Dilma Rousseff, pelas violações de limites judiciais pelo juiz Sergio Moro e agora pelas várias tentativas de controlar e censurar a internet e punir dissidentes em nome da segurança pública —justificativa igual à que foi usada pelos EUA após os ataques de 11 de setembro e 6 de janeiro."
Em 2019, à época editor do site The Intercept Brasil, o jornalista esteve à frente da publicação de uma série de reportagens com base em conversas no Telegram entre Moro, o então promotor Deltan Dallagnol e outros integrantes da Operação Lava Jato, que indicaram a colaboração entre o ex-juiz e membros da força-tarefa de Curitiba.
Parte das reportagens da série, que ficou conhecida como Vaza Jato, foi publicada em parceria com a Folha e outros veículos brasileiros.
Greenwald deixou o site que ajudou a fundar em outubro de 2020 e, hoje, mantém uma newsletter e realiza transmissões diárias, disponíveis em podcast e na plataforma de vídeo Rumble, concorrente do YouTube que se apresenta como criadora de "tecnologias imunes à cultura do cancelamento".
Em sua opinião, "o maior problema do nosso discurso político é que muito dele é feito nas redes sociais. O espaço restrito impede que tenhamos discussões honestas, com as nuances e o contexto devido. Por design, esse ambiente prioriza as emoções negativas como raiva, difamação e o impulso constante por denúncias e acusações simplistas".
O jornalista vem chamando de censura as decisões do ministro do STF Alexandre de Moraes determinando a suspensão de perfis e a exclusão de postagens de redes sociais. "No centro da censura, reside a crença de que certas autoridades são capazes de acessar a verdade absoluta e usar esses poderes de maneira benevolente para abolir o erro e 'discursos perigosos'. Isso é uma ilusão, demonstrada repetidamente pela história", diz.
Greenwald mora no Rio de Janeiro desde 2005 e é casado com David Miranda, deputado federal (PDT/RJ) na legislatura passada.
Além da estreia de Glenn Greenwald, a grade de colunistas da Ilustríssima terá outras mudanças.
Os textos de Juliana de Albuquerque, hoje às terças no site, passam a ser publicados às quintas. Um deles também sairá mensalmente na edição impressa da Ilustríssima, com estreia em 12 de março. Albuquerque é doutora pela University College Cork, na Irlanda, e escreve na Folha desde 2018 sobre temas relacionados a filosofia e literatura.
Os artigos de Jorge Coli, professor titular de história da arte na Unicamp, passam a sair no site do jornal às terças.
Colunistas da Ilustríssima
Quinzenalmente, às quintas: Glenn Greenwald e Juliana de Albuquerque (um dos textos incluídos na edição impressa do domingo seguinte)
Quinzenalmente, aos domingos: Álvaro Machado Dias (publicados só no site)
Mensalmente, às terças: Jorge Coli (publicados só no site)
Mensalmente, aos domingos: Bernardo Carvalho e Itamar Vieira Junior (publicados no site nos dias anteriores)
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.