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Após quebradeira em obra, Belo Monte manda 5.500 funcionários de volta para casa
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AGUIRRE TALENTO
DE BELÉM
Cerca de 5.500 operários alojados nas obras da usina hidrelétrica de Belo Monte (PA) foram dispensados após o quebra-quebra no último final de semana que paralisou a construção.
Como esses operários não vivem na região da usina, em Altamira (900 km de Belém), o CCBM (Consórcio Construtor de Belo Monte) pagou passagens para que voltassem às cidades de origem até o retorno das atividades.
Segundo o consórcio, funcionários de serviços essenciais (como segurança) deverão retomar o trabalho nesta quarta (14). Na sexta (16), está programada a volta dos que vivem em Altamira e região. Os funcionários que moram no canteiro e foram dispensados deverão retornar na próxima segunda (19).
O consórcio passou esta terça-feira (13) avaliando danos em instalações da obra, como refeitórios, alojamentos e escritórios. Galpões e máquinas foram incendiados. Não há estimativa de prejuízos.
Os danos foram provocados por operários contrários à proposta do consórcio, de 11% de reajuste. A reivindicação inicial dos trabalhadores foi 33%.
Como não havia condições de trabalho, os funcionários começaram a ser enviados na segunda-feira (12) para casa. Há atualmente 15 mil trabalhando em Belo Monte, dos quais 35% foram dispensados.
Outra reivindicação é a redução no intervalo entre as baixadas (folgas prolongadas para visita às famílias), que atualmente ocorrem a cada seis meses, para três meses.
Os incidentes expuseram divisões entre os trabalhadores. Parte do contingente iniciou uma paralisação na segunda-feira (12), mas sem apoio do Sintrapav (Sindicato dos Trabalhadores na Construção Pesada), filiado à Força Sindical e que representa oficialmente os operários.
Representantes de outra central sindical, a Conlutas, ligada ao PSTU, deram apoio. O Sintrapav pediu ordem aos operários e disse que está negociando um novo acordo coletivo, que precisa ser fechado até o fim do mês. Se não houver acordo, o sindicato pode decretar greve.
A Polícia Civil deteve nesta terça (13) mais um operário, acusado de ser líder dos últimos protestos. Cinco já haviam sido presos na segunda (12).
ATRASO
A paralisação e a dispensa dos trabalhadores vão provocar um atraso de pelo menos uma semana na obra. Essa parada pode prejudicar o ritmo da construção, que tem até o fim deste mês para finalizar uma barragem provisória no rio Xingu.
Em dezembro começa o período das chuvas e a obra da barragem só poderá ser retomada a partir de abril. Isso deverá atrasar a construção da casa de força secundária e o desvio do rio, que dependem dessa barragem, podendo afetar o cronograma geral da obra.
A previsão é que Belo Monte, que será a terceira maior hidrelétrica do mundo, comece a gerar energia em fevereiro de 2015 e que as 18 turbinas estejam funcionando em janeiro de 2019.
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