Argentina busca alimentos para conter inflação e pode comprar tomate do Brasil
A Argentina, uma das maiores produtoras agropecuárias do mundo, está disposta a importar alimentos para garantir o êxito de um esforço para controlar preços ante a alta inflação no país, e pode comprar tomates do Brasil.
A decisão –anunciada na quarta-feira (8)– marca uma mudança de estratégia do governo da presidente Cristina Kirchner, que impôs fortes restrições às importações de produtos para defender a indústria nacional.
O chefe do gabinete de ministros, Jorge Capitanich, disse que Cristina já instruiu a compra de tomates do Brasil, uma vez que se espera um aumento no preço devido à falta do produto. A escassez é causada por problemas climáticos.
"Vamos recorrer inclusive à importação de determinados produtos precisamente para garantir o preço e a quantidade", afirmou o ministro aos jornalistas.
A Argentina tem uma das maiores taxas de inflação do mundo. Os preços ao consumidor subiram em torno de 25% em 2013, segundo estimativas privadas, embora as estatísticas oficiais coloquem a estimativa em cerca de 10%.
A falta de investimentos, uma grande emissão monetária para satisfazer o elevado gasto público e as incertezas sobre a economia local são alguns dos fatores que pressionam os preços para cima, segundo analistas.
Mesmo que se negue a reconhecer a inflação, o governo deu início na última segunda-feira (6) ao terceiro congelamento de preços em um ano, mas que contempla somente 200 produtos básicos dos milhares que se encontram nos supermercados, e que por enquanto se aplica apenas às grandes cadeias em Buenos Aires e arredores.
Capitanich disse que a importação de alimentos pode se estender "com o objetivo de garantir que o consumidor tenha todos os bens de preços monitorados perfeitamente garantidos em termos de abastecimento e em termos de preços."
Os controles de preços usados anteriormente pelo governo fracassaram porque os produtos incluídos não se encontravam disponíveis nas gôndolas dos supermercados.
Capitanich reconheceu a persistência do problema. "Temos identificado problemas de logística e abastecimento para alguns tipos de produtos", afirmou ele.
A Argentina é um dos maiores exportadores mundiais de trigo, milho e soja, assim como outros produtos agroindustriais.
Atualmente, por conta de preocupações com a inflação e abastecimento interno, bloqueia as exportações de trigo, afetando especialmente o Brasil, tradicionalmente o principal cliente do cereal argentino.
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