Lobão admite pedir economia de energia na Copa
O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, afirmou que, caso as reservas das hidrelétricas não aumentem nos próximos meses, o governo poderá pedir à população que reduza voluntariamente o consumo de energia para garantir o fornecimento durante a Copa do Mundo.
"Nós não estamos trabalhando com a hipótese de racionamento", disse Lobão em entrevista ao jornal americano "Wall Street Journal".
"Temos a convicção de que isso não será necessário", completou o ministro, que afirmou que é muito baixa a chance de apagão até novembro, quando iniciam os períodos das chuvas.
Lobão disse ainda que o governo não pretende cobrar mais de quem consome mais eletricidade -como aconteceu no fim do governo FHC. "Não vamos repetir 2001."
TÉRMICAS
O governo já traçou os piores cenários para o setor elétrico caso o ritmo e a quantidade de chuva neste ano não sejam suficientes para reabastecer os reservatórios das usinas hidrelétricas.
A conclusão é que, caso o volume de chuvas no país feche o ano próximo aos menores níveis já verificados nos últimos 82 anos, a demanda dos consumidores só será suprida mantendo todas as térmicas do sistema ligadas de março a novembro.
Até agora, 2014 já enfrentou o terceiro pior mês de janeiro e o segundo pior fevereiro dos últimos 84 anos.
A avaliação foi feita pelo CMSE (Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico), que reúne as principais autoridades do setor no governo.
O comitê projetou para 2014 os índices de três anos considerados "críticos" para as chuvas em todo o país -1954, 1969 e 2001.
O objetivo da simulação é verificar quanto de energia poderá ser gerada neste ano mantendo semelhante regime de chuvas e impacto no nível dos reservatórios.
Os anos escolhidos pelo governo para uso nesta comparação com 2014 são os três piores dos últimos 82 anos para a região Sudeste/Centro-Oeste, que concentra 70% da capacidade de armazenamento dos reservatórios do país.
A previsão não considerou o mês de dezembro, quando geralmente chove em quase todas as regiões do país.
Caso o cenário se confirme, o uso intensivo das térmicas até o fim do ano refletirá em um aumento, ainda não calculado, no custo da energia para consumidores residenciais e industriais.
Esse custo pode ou não ser atenuado por injeções do governo, como foi feito em 2013.
Conforme revelado pela Folha, há uma preocupação entre agentes do setor elétrico com o uso intensivo das usinas térmicas.
Elas costumam ter uso sazonal, mas têm sido usadas em larga escala desde o fim de 2012 por causa das condições climáticas.
Um estudo do banco Santander mostrou que, em maio próximo, ao menos 10% dessas geradoras terão de passar por manutenção. A previsão é que, em setembro, mais 10% façam revisões.
A realização de manutenção nesses equipamentos é fundamental para evitar a quebra de aparelhos e a interrupção forçada da geração por algumas delas.
O Ministério de Minas e Energia defende que a projeção desses cenários faz parte dos estudos de monitoramento do setor elétrico realizados pelo comitê. Segundo a pasta, ainda não há definição sobre o uso de todas as usinas térmicas até o fim do ano.
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